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Mostrando postagens de março, 2025

Você já ouviu falar na teologia da ternura?

Eu não sei você, mas às vezes eu olho para o nosso mundo — e, para ser sincero, até para dentro de algumas de nossas igrejas — e sinto falta de uma coisa: ternura . Vivemos cercados por opiniões fortes, julgamentos rápidos, discursos duros e uma eficiência que não tem tempo para a fragilidade. Em meio a tanto barulho e arestas pontiagudas, a alma da gente anseia por um toque de gentileza, por um lugar de acolhimento. É por isso que tenho pensado muito em uma expressão que chamo de “teologia da ternura” . Não é um sistema complicado, mas um jeito de olhar para Deus, para nós mesmos e para o próximo, que pode trazer cura e alívio para os nossos corações cansados. Tudo começa com a imagem que temos de Deus. Muitas vezes, pensamos em Deus apenas como o Juiz Todo-Poderoso ou o Rei distante e soberano. E Ele é tudo isso. Mas a Bíblia nos pinta um retrato muito mais íntimo. O profeta Oséias descreve Deus como um pai paciente, que se inclina para ensinar Seu filho a dar os primeiros passos, q...

Uma carta de gratidão às mulheres da Bíblia (e da nossa vida)

Amigos, Há um provérbio na Bíblia que sempre me faz parar e pensar. Ele diz: “A mulher sábia edifica a sua casa, mas com as próprias mãos a insensata a derruba” (Provérbios 14.1). Este versículo reconhece o poder imenso e fundamental que Deus concedeu às mulheres na construção da vida, da família e da sociedade. E quando olhamos para as páginas da Escritura, encontramos uma verdadeira galeria de mulheres sábias que usaram suas vidas para edificar o Reino de Deus de formas inesquecíveis. Penso em Sara , que primeiro riu da promessa de Deus, mas depois aprendeu a crer no impossível, tornando-se a mãe de uma nação. Penso em Rute , a estrangeira, que ensinou a Israel o que significava lealdade e fé, inserindo seu nome para sempre na linhagem do Messias. Penso em Ana , cuja oração silenciosa, persistente e cheia de angústia moveu os céus e nos deu o profeta Samuel. No Novo Testamento, essa galeria se ilumina ainda mais. Vemos Maria , a jovem que, com uma coragem e uma submissão extraordiná...

Uma ferramenta para corações que cuidam de outros corações

Amigos, Uma das maiores responsabilidades — e um dos maiores privilégios — da nossa vida cristã é o chamado para cuidar uns dos outros. Aconselhar um irmão em dúvida, ouvir um amigo em crise, caminhar ao lado de alguém que sofre. Mas, com sinceridade, como podemos fazer isso bem? Como oferecer um conselho que realmente cura, em vez de ferir?                           É uma tarefa que exige mais do que boas intenções; exige sabedoria, preparo e um coração moldado pelo cuidado do Bom Pastor. É por isso que, de tempos em tempos, eu gosto de compartilhar aqui recursos que foram fundamentais na minha própria formação. E hoje, quero falar de um verdadeiro clássico, um daqueles livros que se tornam um guia seguro em nossa estante: Aconselhamento Pastoral , de Howard Clinebell. Se você leva a sério a arte de cuidar de almas, esta é uma leitura que eu considero fundamental. O grande diferencial de Clinebell, para mim, é que el...

Eu não tenho uma opinião sobre isso (e tudo bem)

“E então, qual é o seu posicionamento sobre isso?” A pergunta veio à queima-roupa, no meio de uma conversa. Direta, afiada. O assunto era teologia, a minha área de estudo, mas a verdade é que eu nunca havia me aprofundado naquele tema específico. Por alguns segundos, o silêncio. A pessoa à minha frente esperava uma resposta firme, um veredito. Algo sólido. Mas eu não tinha. E, pior, eu senti a tentação de inventar uma resposta na hora, só para não parecer desinformado, para não quebrar a expectativa. Vivemos na era do posicionamento instantâneo. Parece que ter uma opinião formada sobre tudo — do último debate teológico à mais recente polêmica política — se tornou uma urgência, quase uma obrigação moral. Ficar em silêncio é visto como fraqueza, indecisão ou ignorância. Mas, com o tempo e com a ajuda de bons professores, aprendi que a sabedoria muitas vezes se manifesta não em respostas rápidas, mas em pausas reflexivas. Antes de nos apressarmos para ter uma opinião, talvez precisemos n...

Onde mora o perigo: na imagem ou no coração?

É uma pergunta que quase todo cristão já se fez, talvez em voz alta, talvez no silêncio do coração: podemos ter uma imagem de Jesus na parede? E um quadro que representa um personagem bíblico? E o presépio que montamos com tanto carinho no Natal? Essa é uma questão que já gerou muita controvérsia e divisão na história da Igreja, e a resposta, como em muitos temas da fé cristã, não está em um simples “sim” ou “não”. Esta interrogação nos convida a olhar para um lugar mais escondido: o nosso próprio coração. Muitas vezes, nossa preocupação vem do segundo mandamento, que proíbe a fabricação de ídolos. E essa é uma preocupação justa e séria. Mas o que a Bíblia está condenando ali não é o pedaço de madeira ou a tinta sobre a tela. Ela está condenando uma atitude do coração que chamamos de idolatria . E o que é idolatria? É o ato de colocar qualquer coisa da criação no lugar que pertence somente ao Criador. É quando olhamos para a coisa criada e esperamos dela o que só o Deus Criador pode ...

A nobre e dolorosa história da palavra "judeu"

Amigos, As palavras têm história. Elas carregam em si séculos de significado, de cultura e, às vezes, de muita dor. E hoje, quero conversar com vocês sobre a jornada de uma palavra muito especial para a nossa fé e, infelizmente, muito maltratada ao longo do tempo: a palavra judeu . Você já parou para pensar de onde ela vem? Tudo começa de forma nobre, nas páginas do Antigo Testamento. O termo vem de Judá , um dos doze filhos de Jacó (Israel), cuja tribo se tornaria a mais proeminente, a tribo real de onde viria o Rei Davi e, finalmente, o Messias. Inicialmente, “judeu” era apenas um gentílico para os membros dessa tribo. Com o tempo, após a divisão do reino e, principalmente, após o exílio na Babilônia, a palavra se expandiu. “Judeu” deixou de ser o nome de uma tribo para se tornar a identidade de todo um povo, os herdeiros da promessa feita a Abraão que preservaram sua fé e sua cultura através dos séculos. Mas as palavras, como as pessoas, também sofrem com os pecados do mundo. Ao lon...

O presente que você recebe todos os dias

Amigos, Para muitos de nós, o Batismo é uma memória distante. Talvez seja uma foto amarelada em um álbum de família, uma roupinha branca guardada em uma caixa, ou uma história que nossos pais nos contaram. Um evento que aconteceu uma vez, lá no passado. Mas, e se eu te dissesse que o seu Batismo não está no passado? E se ele for a realidade mais presente e poderosa da sua vida, hoje, neste exato momento? Para entender isso, eu sempre volto a um dos meus teólogos favoritos, Martinho Lutero. Em seus escritos, ele nos ensina a olhar para o Batismo não como um rito de passagem, mas como a fonte de onde brota toda a nossa vida cristã. Quero compartilhar com vocês algumas de suas lições. Primeiro, não é apenas água. A primeira coisa que Lutero nos lembra é que o Batismo não é um ato nosso; é um ato de Deus. Não é o pastor que tem o poder, mas Deus mesmo que, através do pastor, nos alcança. Como isso acontece? Pela união da água com a Palavra de Deus. A água, por si só, é apenas água. Mas, ...