Amigos,
As palavras têm história. Elas carregam em si séculos de significado, de cultura e, às vezes, de muita dor. E hoje, quero conversar com vocês sobre a jornada de uma palavra muito especial para a nossa fé e, infelizmente, muito maltratada ao longo do tempo: a palavra judeu.
Você já parou para pensar de onde ela vem?
Tudo começa de forma nobre, nas páginas do Antigo Testamento. O termo vem de Judá, um dos doze filhos de Jacó (Israel), cuja tribo se tornaria a mais proeminente, a tribo real de onde viria o Rei Davi e, finalmente, o Messias. Inicialmente, “judeu” era apenas um gentílico para os membros dessa tribo.
Com o tempo, após a divisão do reino e, principalmente, após o exílio na Babilônia, a palavra se expandiu. “Judeu” deixou de ser o nome de uma tribo para se tornar a identidade de todo um povo, os herdeiros da promessa feita a Abraão que preservaram sua fé e sua cultura através dos séculos.
Mas as palavras, como as pessoas, também sofrem com os pecados do mundo.
Ao longo da história, especialmente na Europa cristã, o nome “judeu” começou a ser torcido, a ser associado a preconceitos e a perseguições. A acusação terrível e teologicamente equivocada de que o povo judeu teria sido o “culpado” pela morte de Cristo — ignorando que a cruz é o plano soberano de Deus para a salvação de todos nós — abriu uma ferida de antissemitismo que sangra até hoje.
E, no Brasil, essa ferida histórica deu origem a um verbo que deveríamos banir do nosso vocabulário: “judiar”.
Muitas vezes, a palavra é usada sem que se pense em sua origem, como sinônimo de maltratar ou atormentar. Mas a sua raiz é profundamente preconceituosa. Usar esse verbo, mesmo sem querer, é perpetuar uma mentira cruel. É pegar a identidade de um povo e transformá-la em sinônimo de maldade, reforçando um estereótipo que custou milhões de vidas ao longo da história.
Então, o que nos cabe fazer como cristãos?
Primeiro, entender essa história. E, segundo, combater ativamente essa distorção. Nosso papel é resgatar a nobreza original da palavra “judeu”. É lembrar, com reverência, que Jesus, nosso Salvador, era judeu. Os apóstolos que seguiram eram judeus. As Escrituras que tanto amamos nasceram no seio do povo judeu, nosso “irmão mais velho” na fé, como disse o apóstolo Paulo.
Que possamos usar nossas palavras para construir pontes de respeito e compreensão, e não para, mesmo sem querer, perpetuar os muros de um preconceito antigo e doloroso.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te ensinou algo novo, salve-a como um lembrete. Você conhecia a história por trás dessas palavras? Como podemos ser mais cuidadosos e respeitosos com nossa linguagem no dia a dia?
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