Eu não sei você, mas às vezes eu olho para o nosso mundo — e, para ser sincero, até para dentro de algumas de nossas igrejas — e sinto falta de uma coisa: ternura.
Vivemos cercados por opiniões fortes, julgamentos rápidos, discursos duros e uma eficiência que não tem tempo para a fragilidade. Em meio a tanto barulho e arestas pontiagudas, a alma da gente anseia por um toque de gentileza, por um lugar de acolhimento.
É por isso que tenho pensado muito em uma expressão que chamo de “teologia da ternura”. Não é um sistema complicado, mas um jeito de olhar para Deus, para nós mesmos e para o próximo, que pode trazer cura e alívio para os nossos corações cansados.
Tudo começa com a imagem que temos de Deus. Muitas vezes, pensamos em Deus apenas como o Juiz Todo-Poderoso ou o Rei distante e soberano. E Ele é tudo isso. Mas a Bíblia nos pinta um retrato muito mais íntimo. O profeta Oséias descreve Deus como um pai paciente, que se inclina para ensinar Seu filho a dar os primeiros passos, que o levanta ao colo e o atrai com “laços de amor” (Oséias 11.3-4). Essa é a ternura de Deus: um amor que se abaixa, que cuida, que é paciente.
Essa ternura ganhou um rosto e um nome: Jesus. Em Jesus, vemos essa característica de Deus em ação. Pense em Seus encontros: com a mulher pega em adultério, Ele não ergue uma pedra, mas se inclina e escreve na areia, desarmando os acusadores com silêncio e graça. Diante do grito desesperado do cego Bartimeu, Ele não ignora, mas para toda a multidão para dar atenção a um homem invisível para a sociedade. Jesus manifesta um Deus que é sensível ao sofrimento e rápido em estender a mão.
A ternura se torna, então, o nosso chamado. Se esse é o nosso Deus e esse é o nosso Salvador, a ternura deixa de ser uma opção e se torna o ar que respiramos como cristãos. Somos chamados a imitar esse cuidado em nossas relações: a praticar a empatia, a acolher em vez de julgar, a cuidar dos vulneráveis, a sermos um lugar de descanso para os cansados.
Em um mundo duro, a ternura é um ato de resistência. Em uma realidade marcada pela violência, pela exclusão e pela indiferença, a gentileza não é fraqueza; é uma força revolucionária. A teologia da ternura nos lembra que é o cuidado, e não a força bruta, que cura feridas. É o acolhimento, e não o julgamento, que promove a reconciliação. É a compaixão que, no fim das contas, reflete o verdadeiro coração do Evangelho.
Esta é a teologia da ternura como eu a vejo. E você? O que essa ideia desperta em seu coração?
Com carinho,
Marlon Anezi
Adoraria ler suas impressões sobre este tema nos comentários. Como a ternura de Deus tem se manifestado em sua vida?
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