É uma pergunta que quase todo cristão já se fez, talvez em voz alta, talvez no silêncio do coração: podemos ter uma imagem de Jesus na parede? E um quadro que representa um personagem bíblico? E o presépio que montamos com tanto carinho no Natal?
Essa é uma questão que já gerou muita controvérsia e divisão na história da Igreja, e a resposta, como em muitos temas da fé cristã, não está em um simples “sim” ou “não”. Esta interrogação nos convida a olhar para um lugar mais escondido: o nosso próprio coração.
Muitas vezes, nossa preocupação vem do segundo mandamento, que proíbe a fabricação de ídolos. E essa é uma preocupação justa e séria. Mas o que a Bíblia está condenando ali não é o pedaço de madeira ou a tinta sobre a tela. Ela está condenando uma atitude do coração que chamamos de idolatria.
E o que é idolatria? É o ato de colocar qualquer coisa da criação no lugar que pertence somente ao Criador. É quando olhamos para a coisa criada e esperamos dela o que só o Deus Criador pode nos dar: salvação, conforto, proteção, esperança.
Quando entendemos isso, percebemos que a imagem em si é neutra. O problema nunca é o objeto, mas o uso que fazemos dele. Uma imagem pode servir a dois propósitos muito diferentes: ela pode ser uma ferramenta ou pode se tornar um ídolo.
Pense nos vitrais das catedrais antigas. Para uma população que, em sua maioria, não sabia ler, aquelas imagens eram a “Bíblia dos pobres”, janelas que contavam as histórias da salvação e ensinavam sobre a fé. Era um uso pedagógico, uma ferramenta para o ensino. Pense em uma ilustração em um livro infantil que ajuda uma criança a visualizar Davi e Golias. É uma ferramenta.
O perigo começa quando a janela deixa de apontar para a paisagem e passa a ser a própria paisagem. Quando a ferramenta se torna o objeto da nossa devoção.
A pergunta que precisamos nos fazer, com honestidade, não é: “É pecado ter esta imagem?” A pergunta correta é: “O que esta imagem faz no meu coração?”.
Quando olho para este quadro, ele eleva meus pensamentos à beleza de Cristo e me inspira a orar a Ele? Se sim, está sendo uma ferramenta de devoção.
Ou eu começo a atribuir poder ou santidade ao próprio objeto? Começo a dirigir minhas orações a ele? Acredito que ele me protege ou me ouve? Se sim, ele está se tornando um ídolo.
A linha é tênue, e por isso a Bíblia nos chama tanto à vigilância do coração. Deus tem um zelo santo por nossa adoração exclusiva. Qualquer coisa que compita com Ele por esse lugar central em nossa vida se torna um ídolo, seja uma imagem de gesso, o dinheiro na nossa conta, nosso status profissional ou até mesmo um ministério bem-sucedido.
No fim das contas, o problema não está na arte que decora nossas paredes, mas na postura do nosso coração diante de Deus.
Com carinho,
Marlon Anezi
Essa é uma reflexão que nos convida a olhar para dentro. E você, como tem sido a sua relação com as imagens? Elas já te ajudaram a aprender ou já te trouxeram alguma confusão? Adoraria ler sua perspectiva nos comentários.
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