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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

A Agenda 2030 e o fim do mundo: o que a Bíblia realmente diz?

Talvez você também já tenha recebido um vídeo no WhatsApp ou visto um post alarmante sobre a “Agenda 2030”. Tenho ouvido com frequência uma preocupação crescente entre cristãos, ligando este plano da ONU a uma contagem regressiva para o fim dos tempos e a volta de Jesus. A conversa geralmente é cheia de ansiedade e especulação. Mas, quando abrimos as Escrituras, será que essa interpretação se sustenta? Vamos pensar juntos sobre isso, com calma e à luz da Palavra. Primeiro, é bom lembrar que a nossa geração não é a primeira a achar que o fim está “logo ali”. Ao longo da história da Igreja, muitos eventos foram apontados como o “início do fim”: a Primeira Guerra Mundial, a criação da ONU em 1945, a Guerra Fria, a virada do milênio, pandemias... A cada grande crise global, surge a tentação de pegar o calendário e tentar decifrar os planos secretos de Deus. E é aqui que a Bíblia nos surpreende e acalma o nosso coração. Segundo os apóstolos, os “últimos dias” não começaram com um plano pol...

A graça é de graça, mas custou tudo

Sabe, poucas palavras são tão centrais para a nossa fé — e, ao mesmo tempo, tão mal compreendidas — quanto a palavra “graça”. Nós a cantamos em hinos e a citamos em orações, mas, no dia a dia, nosso coração vive em uma luta constante para realmente entendê-la. A verdade é que a graça de Deus é o grande paradoxo do Evangelho: ela é, ao mesmo tempo, totalmente gratuita e infinitamente cara . E a nossa saúde espiritual depende de vivermos nessa tensão. É muito fácil para nós cairmos em um de dois extremos, em duas valas que ficam nas margens da estrada da fé. A primeira vala é a do legalismo: a tentação de tentar “pagar” pela graça. Nossa mente, acostumada com a lógica do mundo, quer transformar tudo em uma transação. “Ok, Deus me deu a graça, agora o que eu preciso fazer para merecê-la ou retribuí-la?” E então, transformamos o arrependimento e o discipulado em moedas de troca. Mas o Evangelho nos ensina que o arrependimento não é o preço que pagamos pela graça; é a postura de quem recon...

Duas lentes para ler a Bíblia com mais clareza

Você já leu um versículo que conhece desde criança e, de repente, se perguntou: “Será que estou entendendo isso direito?” Ou talvez já tenha ouvido alguém tirar uma conclusão de um texto bíblico que te fez pensar: “Nossa, eu nunca vi isso aí... de onde essa pessoa tirou isso?”                   Nessa jornada de leitura da Palavra, que é um aprendizado constante para todos nós, eu percebi que existem dois extremos muito comuns que podem nos desviar do caminho. Já observei isso em mim e em outros: de um lado, a tendência de se apegar apenas ao “preto no branco” do texto. Do outro, o impulso de “viajar” em nossas próprias ideias sobre o que a passagem poderia significar, correndo o risco de colocar nossas palavras na boca de Deus. Tudo começou a mudar quando eu entendi a importância de usar duas “lentes” para a leitura. Duas palavrinhas que parecem técnicas, mas que são incrivelmente práticas: referência e inferência . Lente 1: A Referência (...

Perdoados pela graça, mas vivendo pelo mérito?

De vez em quando, um livro não apenas nos ensina algo novo, mas reorganiza a nossa forma de ver o mundo. Para mim, um desses livros foi “Maravilhosa Graça” , de Philip Yancey. Eu o li pela primeira vez em 2016 e, até hoje, o impacto daquela leitura reverbera em mim. O livro me fez uma pergunta desconfortável, que eu quero compartilhar com vocês hoje. Nós, cristãos, sabemos — ou pelo menos deveríamos saber — que a graça é o fundamento de tudo. Somos salvos pela graça. Fomos alcançados não porque merecíamos, mas porque Deus, em seu amor inexplicável, decidiu nos amar. A graça é a linguagem oficial do Reino de Deus. Mas, e na prática? Será que ela é a linguagem que nós falamos no nosso dia a dia? Se formos honestos, a maioria de nós foi criada em um sistema completamente oposto. Desde pequenos, aprendemos as regras do jogo do mundo: o esforço gera recompensa, o erro gera punição. Quem trabalha mais, conquista. Quem falha, arca com as consequências. É a lógica do mérito . E ela parece tão...

O evangelho que promete o céu na terra (e por que ele é perigoso)

Amigos, de tempos em tempos, um assunto volta a pesar no meu coração. É um ensino que, como uma erva daninha, parece sempre encontrar um jeito de brotar de novo no jardim da Igreja. Ele vem com uma promessa sedutora: se você tiver fé (e generosidade) o suficiente, Deus lhe dará saúde, riqueza e sucesso aqui e agora. Falo da chamada “teologia da prosperidade” . O apelo é compreensível. Quem não deseja uma vida sem dificuldades? O problema é que essa promessa, embora pareça boa, distorce o Evangelho de Cristo e nos deixa com uma fé frágil, construída sobre um alicerce de areia. Por isso, com um coração pastoral, sinto a necessidade de apontar cinco das suas mentiras mais perigosas. 1. Mentira: Sua conta bancária reflete o amor de Deus por você. A ideia de que riqueza é o sinal da bênção divina é talvez a mais central desse movimento. Mas ela ignora a maior de todas as bênçãos que já recebemos. Paulo nos lembra que Deus “nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestia...