A teologia da prosperidade tem se infiltrado em muitas igrejas e ensinos, distorcendo o verdadeiro significado do evangelho e criando falsas expectativas sobre a fé cristã. Quando penso que os seus ensinos já foram superados e que não preciso mais falar contra eles, percebo que há novamente a necessidade de falar sobre o tema.
Aqui estão cinco das principais mentiras que esse movimento dissemina:
1. A prosperidade material é a prova da bênção de Deus
A ideia de que riqueza e sucesso financeiro são sinais diretos da aprovação divina ignora a realidade de muitos cristãos que enfrentam dificuldades. A Bíblia fala sobre bênçãos espirituais, que são muito mais valiosas do que qualquer riqueza terrena. Como Paulo escreve em Efésios 1.3:
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo.”
O evangelho não promete riqueza material, mas sim comunhão com Deus e vida eterna.
Muitos pregadores ensinam que, ao dar o dízimo, Deus necessariamente trará prosperidade financeira. No entanto, isso não reflete a realidade. Existem inúmeras pessoas que são dizimistas, mas ainda enfrentam dificuldades financeiras.
Se o dízimo fosse uma troca automática por bênçãos materiais, onde ficaria a soberania de Deus? A Bíblia nos ensina a dar com gratidão e não como um investimento para garantir riquezas futuras.
3. Fé inabalável garante sucesso material
Outro ensino comum é que o sucesso financeiro e profissional está diretamente ligado à quantidade de fé que uma pessoa tem. Essa ideia sugere que aqueles que passam por dificuldades simplesmente não têm fé suficiente.
Isso não poderia estar mais longe da verdade. A Bíblia está repleta de exemplos de pessoas de fé que enfrentaram adversidades. Jó perdeu tudo, Paulo sofreu perseguições e até Jesus viveu uma vida simples e sem riquezas. A fé não é um passaporte para o luxo, por outro lado, ela nos leva a ter uma vida de dependência de Deus.
A teologia da prosperidade ensina que aqueles que passam por dificuldades financeiras estão, de alguma forma, em pecado ou em falta com Deus. Este falso ensino cria culpa desnecessária em muitas pessoas que simplesmente vivem em um mundo marcado por desigualdades e crises econômicas.
O endividamento e os desafios financeiros muitas vezes são consequências de fatores econômicos e sociais, não de uma suposta falta de fé. Em vez de condenar quem está em crise, a igreja deveria ser um lugar de acolhimento e suporte. Como diz Romanos 5.3-4:
“Nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança.”
A teologia da prosperidade minimiza ou ignora o papel do sofrimento na vida cristã. No entanto, Jesus e os apóstolos nos ensinam que seguir a Cristo não significa ausência de dificuldades. Tiago 1.2-3 diz:
“Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança.”
O sofrimento é uma realidade do mundo caído em que vivemos, e a fé cristã nos ensina a encontrar esperança e consolo em Deus, e não a negar ou fugir das dificuldades.
A teologia da prosperidade deturpa o verdadeiro evangelho, tornando-o uma fórmula para a riqueza e sucesso, quando, na verdade, o propósito da vida cristã é glorificar a Deus e viver segundo Sua vontade. Em vez de transformar nossa conta bancária, Deus está muito mais interessado em nos salvar. O verdadeiro evangelho não promete riquezas, mas oferece algo muito maior: a salvação, a comunhão com Cristo e a paz que excede todo entendimento.
Por Marlon Anezi
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