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Mostrando postagens de setembro, 2024

O domingo é um presente, não uma prisão

Amigos, O que você sente quando o domingo chega? Para muitos de nós, é um dia de alegria, de culto, de família. Mas, para outros, o domingo vem com um peso. Uma lista de “pode” e “não pode”, uma sensação de culpa se precisam trabalhar ou se simplesmente querem desfrutar de um lazer comum. É verdade que, desde a Igreja Primitiva, os cristãos se reúnem no domingo para celebrar a ressurreição do nosso Senhor. É o “dia do Senhor” (Apocalipse 1.11), o dia em que a morte foi derrotada. Essa é uma tradição linda e cheia de significado. Mas, em algum ponto da nossa história, corremos o risco de transformar essa celebração em uma nova lei, um legalismo que se parece muito com aquele que os fariseus impunham sobre o sábado. E, ao fazê-lo, transformamos o que era para ser um presente em uma prisão. O apóstolo Paulo, em sua carta aos Colossenses, nos deu um alerta poderoso sobre esse perigo. Ele nos diz para não deixarmos que ninguém nos julgue por “dias de festa, luas novas ou sábados”, pois essa...

O autocuidado de Jesus

Amigos, Se você passa algum tempo nas redes sociais, certamente já sentiu essa tensão. De um lado, os gurus do autocuidado gritam: “Se priorize! Você em primeiro lugar!”. Do outro, uma voz, às vezes até com um tom religioso, sussurra: “Esqueça de si mesmo, o sentido da vida é se doar aos outros”. Somos puxados para dois extremos: o egoísmo disfarçado de amor-próprio ou a exaustão disfarçada de santidade. Em meio a esse cabo de guerra, eu me volto para o nosso Mestre, Jesus. E o que eu encontro? Um equilíbrio perfeito e libertador. Nós conhecemos o Jesus ocupado. O homem que pregava para multidões, curava filas de enfermos, comia com pecadores e investia na vida dos seus discípulos. Sua vida foi a definição de serviço, de doação total. Mas, em meio a essa agenda impossível, o evangelista Lucas nos conta um detalhe que é o segredo da sustentabilidade do ministério de Jesus: “...porém Jesus ia para lugares desertos e orava.” (Lucas 5:16) Repare na força dessa palavra: porém . Apesar da m...

Nossa responsabilidade com a criação

Amigos, Dias atrás, durante uma refeição, eu me peguei desanimado com a comida. Apesar de ser um prato saboroso, ele parecia meio insosso, sem vida. Peguei o saleiro, adicionei uma pitada de sal, e a mágica aconteceu: o sabor voltou, vibrante, e com ele a vontade de apreciar e degustar aquele alimento. E aquele pequeno gesto me fez pensar de uma forma nova em uma das frases mais famosas de Jesus: “Vós sois o sal da terra” . Eu sempre ouvi que ser “sal” é “dar sabor” ao mundo, no sentido de levar a moral e a alegria cristã por onde passamos. E isso é verdade. Mas, naquela refeição, eu percebi algo mais. O sal não apenas dá sabor; ele desperta o sabor que já está ali, mas que se perdeu. Ele nos atrai de volta ao alimento, nos faz querer apreciá-lo. E se a nossa missão como “sal da terra” for também a de despertar nas pessoas o desejo de amar, cuidar e viver em harmonia com a própria Terra, nosso lar? Infelizmente, a Terra tem andado insossa, e a vida nela, amarga. Aqui no Rio Grande do...

O que aprendi ao lado de um leito de hospital

Amigos, Entre 2017 e 2018, eu vivi uma das experiências mais transformadoras da minha vida ministerial, trabalhando como capelão hospitalar. Eu entrei achando que a minha função era levar respostas de fé para pessoas que sofriam. Mas eu saí tendo aprendido, com elas, as perguntas mais importantes. Hoje, quero compartilhar com vocês cinco das lições mais profundas que o silêncio e a dor de um quarto de hospital me ensinaram. 1. A lição mais importante foi a de aprender a ouvir. E não falo apenas de escutar as palavras, mas de praticar uma “escuta ativa”. Aprendi que minha tarefa não era conduzir a conversa para um desfecho teológico que eu tinha em mente. Era o contrário. Era deixar que a dor e as respostas do paciente guiassem o caminho. As melhores perguntas não eram as que eu trazia prontas no bolso, mas as que nasciam, com humildade, da história que me era confiada. 2. Aprendi que a presença é terapêutica. No começo, quando eu me sentava ao lado de um leito e não sabia o que dizer...

A tentação de achar que não preciso mais da graça

Amigos, Hoje quero conversar sobre uma das tentações mais sutis e perigosas da vida cristã. Ela não chega com um estrondo, mas com um sussurro silencioso no coração do crente que já tem alguns anos de caminhada. É a tentação de achar que, de alguma forma, nós “chegamos lá”. É o que eu chamo de espiritualidade cristã autossuficiente . Ela começa assim: nós entendemos e celebramos que fomos salvos pela graça, por meio da fé. Mas, a partir daí, passamos a acreditar que a manutenção da nossa vida espiritual depende do nosso próprio esforço, da nossa disciplina, da nossa ética pessoal. A graça vira a “porta de entrada”, mas a caminhada, pensamos, é por nossa conta e risco. E, cá entre nós, esse caminho é mais fácil para o nosso orgulho. É mais fácil confiar em nossa própria performance do que admitir, todos os dias, que ainda somos pecadores, que ainda falhamos e que continuamos a precisar do perdão de Deus tanto quanto no primeiro dia. Essa autossuficiência é alimentada pela pressão que s...