Amigos,
Entre 2017 e 2018, eu vivi uma das experiências mais transformadoras da minha vida ministerial, trabalhando como capelão hospitalar. Eu entrei achando que a minha função era levar respostas de fé para pessoas que sofriam. Mas eu saí tendo aprendido, com elas, as perguntas mais importantes.
Hoje, quero compartilhar com vocês cinco das lições mais profundas que o silêncio e a dor de um quarto de hospital me ensinaram.
1. A lição mais importante foi a de aprender a ouvir. E não falo apenas de escutar as palavras, mas de praticar uma “escuta ativa”. Aprendi que minha tarefa não era conduzir a conversa para um desfecho teológico que eu tinha em mente. Era o contrário. Era deixar que a dor e as respostas do paciente guiassem o caminho. As melhores perguntas não eram as que eu trazia prontas no bolso, mas as que nasciam, com humildade, da história que me era confiada.
2. Aprendi que a presença é terapêutica. No começo, quando eu me sentava ao lado de um leito e não sabia o que dizer diante de um sofrimento imenso, eu me sentia inútil. Mas eu descobri, com o tempo, que a nossa simples presença — o ato de “estar junto” em silêncio, de oferecer um ombro, de segurar uma mão — é uma das mais poderosas formas de consolo que existem. Muitas vezes, a pessoa doente não precisa de um sermão; ela precisa saber que não está sozinha.
3. Aprendi que o sofrimento é o professor. Eu cheguei ao hospital pensando que ensinaria algo, mas rapidamente percebi que o meu papel era o de aluno. Eu não estava ali para dar aulas sobre “como sofrer com fé”. Eu estava ali para aprender com a resiliência, a fragilidade, as dúvidas e a esperança dos pacientes. Para ser um bom capelão, precisei deixar a minha bagagem de “teólogo” e os meus julgamentos apressados do lado de fora da porta do quarto.
4. Aprendi que a solidão dói tanto quanto a doença. Um hospital pode ser um lugar muito solitário. Alguns quartos vivem cheios de visitas; outros, permanecem em um silêncio pesado. Eu vi em primeira mão como uma simples conversa, o ato de tratar alguém não como “o paciente do leito 12”, mas como uma pessoa com uma história, com memórias e com saudades, tem um valor inestimável para a alma e para a autoestima de quem está internado.
5. Aprendi a cuidar da pessoa inteira. A capelania me ensinou que não podemos colocar as pessoas em caixinhas. Não existe uma “dor espiritual” separada da “dor emocional” ou da “dor social”. Somos seres integrais. Meu papel não era “converter” ninguém, mas oferecer assistência espiritual. E isso significava me importar com o todo: com a ansiedade, com a preocupação com a família que ficou em casa, com o medo do futuro. E, crucialmente, significava saber os meus limites e quando era a hora de chamar um médico, um psicólogo ou um assistente social.
Esses anos foram uma escola para a minha alma. Eles me ensinaram que o verdadeiro cuidado cristão, muitas vezes, é menos sobre falar e mais sobre ouvir; menos sobre ensinar e mais sobre estar presente; menos sobre ter respostas e mais sobre amar.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se estas lições te fizeram pensar, salve-as. E para conversarmos mais sobre essa arte de cuidar de pessoas com a sensibilidade de Cristo, quero te fazer um convite para a nossa live sobre o assunto.
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