Amigos,
Se você passa algum tempo nas redes sociais, certamente já sentiu essa tensão. De um lado, os gurus do autocuidado gritam: “Se priorize! Você em primeiro lugar!”. Do outro, uma voz, às vezes até com um tom religioso, sussurra: “Esqueça de si mesmo, o sentido da vida é se doar aos outros”.
Somos puxados para dois extremos: o egoísmo disfarçado de amor-próprio ou a exaustão disfarçada de santidade.
Em meio a esse cabo de guerra, eu me volto para o nosso Mestre, Jesus. E o que eu encontro? Um equilíbrio perfeito e libertador.
Nós conhecemos o Jesus ocupado. O homem que pregava para multidões, curava filas de enfermos, comia com pecadores e investia na vida dos seus discípulos. Sua vida foi a definição de serviço, de doação total.
Mas, em meio a essa agenda impossível, o evangelista Lucas nos conta um detalhe que é o segredo da sustentabilidade do ministério de Jesus:
“...porém Jesus ia para lugares desertos e orava.” (Lucas 5:16)
Repare na força dessa palavra: porém. Apesar da multidão, porém Ele se retirava. Apesar das necessidades urgentes, porém Ele buscava a solidão. Apesar dos pedidos, porém Ele orava.
Jesus nos ensina que o verdadeiro autocuidado cristão não é egoísmo. É reabastecimento.
Ele sabia que não poderia oferecer água viva aos outros se o Seu próprio poço estivesse seco. Seus momentos de autocuidado não eram sobre luxo ou autoindulgência; eram sobre comunhão com o Pai. Eram o tempo necessário para recarregar as energias espirituais, para que Ele pudesse continuar a se derramar em amor pelo mundo.
Isso nos ajuda a entender a relação entre o cuidado conosco e o cuidado com o próximo. O teólogo luterano George Forell diferencia “boas obras” (que beneficiam o outro, como dar um casaco) de “grandes obras” (que beneficiam a nós mesmos, como comprar um casaco). Uma cultura de sacrifício total nos diz para fazermos apenas “boas obras” até a exaustão.
Mas o exemplo de Jesus nos mostra que as “grandes obras” de autocuidado — o descanso, o silêncio, a oração — são o que tornam as “boas obras” possíveis a longo prazo.
E isso nos leva a uma pergunta honesta: nós temos praticado o autocuidado de Jesus? Em nossa ânsia de servir, de cuidar, de produzir, estamos separando momentos para ir a “lugares desertos” e orar? Estamos nos reabastecendo na Fonte para podermos continuar a ser canais de Sua graça?
O equilíbrio que vemos em Cristo é o nosso chamado. Não um “eu primeiro” egoísta, nem um “os outros sempre primeiro” que nos leva ao esgotamento. Mas um ritmo de graça: encher-se em Deus para poder se derramar pelo próximo, de novo e de novo.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te trouxe uma nova perspectiva sobre o descanso e o serviço, salve-a. E para aprofundarmos essa conversa sobre como encontrar um ritmo de vida mais saudável, inspirado por Jesus, quero te fazer um convite para a nossa live sobre o assunto.
Assista logo abaixo:
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