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A eterna luta entre o amor e a sobrevivência

Amigos, Dias atrás, minha esposa e eu decidimos embarcar em uma pequena viagem no tempo. Começamos a assistir à novela Esperança , exibida originalmente em 2002. Para mim, é uma revisita: eu tinha apenas sete anos quando a vi pela primeira vez. É incrível o que se pode aprender com essas tramas de época. Há um ar poético, um ritmo mais lento que nos conecta a um outro tempo, onde a vida talvez recebesse outros significados. Mas, para além da nostalgia, o que mais me impressiona agora, com um olhar de adulto, é o “sermão” escondido no coração daquele roteiro: a eterna e universal luta entre o amor e a sobrevivência. Ao observar os personagens, percebo que todos nós, na novela e na vida, somos movidos por um de dois grandes impulsos que habitam nosso coração. De um lado, temos o coração apaixonado . Ele é sonhador, idealista. Para ele, o que importa é o sentimento, a conexão, o propósito. O dinheiro, o status, as regras sociais... tudo isso é secundário. Ele acredita que o amor, por si s...
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A canção que nos ensina a gritar por ajuda

Amigos, Hoje de manhã, eu estava ouvindo uma música antiga, uma daquelas que fazem parte da trilha sonora da vida. A canção era “Cry for Help”, do cantor britânico Rick Astley. Já a ouvi centenas de vezes. Mas, desta vez, enquanto a legenda passava na tela, a letra me atingiu de uma forma diferente. E, de repente, uma canção pop de 1991 se tornou um sermão poderoso para o meu coração. A música começa com perguntas que todos nós carregamos, ainda que em silêncio: “Por que devemos esconder as emoções? Por que nunca devemos desabar e chorar?” Vivemos em uma cultura que muitas vezes nos ensina a engolir a dor, a manter a compostura, a sermos fortes a todo custo. E, por isso, nós deixamos de pedir ajuda. Temos medo. Medo de sermos expostos. Medo de virarmos assunto na boca dos outros. Medo de não sermos compreendidos e de recebermos um conselho superficial em vez de um abraço acolhedor. E então, a música explode em um refrão que é um grito da alma humana: “Tudo que eu preciso é gritar por ...

O que aprendi com um monge budista

Amigos, Hoje, quero compartilhar com vocês uma dica de leitura um pouco diferente, uma daquelas que me fez um bem enorme nos últimos anos. Em 2022, comecei a ler os livros do monge sul-coreano Haemin Sunim, começando por “As coisas que você só vê quando desacelera”. Os livros dele são como uma pausa, um convite para respirar fundo em meio à correria. Com capítulos curtos e pensamentos que nos convidam a enxergar a vida de maneira mais calma, ele nos ajuda a desconstruir nossas ansiedades e a perceber que, muitas vezes, o maior obstáculo à nossa paz não está no mundo lá fora, mas dentro de nós mesmos. E eu sei o que alguns de vocês podem estar pensando: “Mas, Marlon, você, um teólogo cristão, recomendando os escritos de um monge budista?” É uma pergunta justa e muito importante. E a minha resposta está em um princípio que o apóstolo Paulo nos ensinou e que eu levo como um guia para a vida: “Examinai todas as coisas, retende o que é bom. Abstende-vos de toda forma de mal.” (1 Tessalonic...

A cruz ou o cetro? Uma reflexão sobre a fé e o poder

Amigos e leitores, Tenho observado com um coração pastoralmente preocupado uma ideia que tem ganhado força em alguns círculos cristãos. É a crença de que a nossa missão como Igreja é tomar o controle da sociedade, impor leis de inspiração bíblica e construir o Reino de Deus através do poder político. Essa visão, conhecida como Teologia do Domínio , muitas vezes nasce de um desejo sincero de ver um mundo mais justo e alinhado aos valores de Deus. Mas, ao examinar essa ideia com mais calma, à luz do Evangelho, eu me sinto compelido a fazer uma pergunta difícil: será que esse caminho reflete o coração de Cristo? Voltando à primeira página da Bíblia Muitas vezes, essa teologia se baseia na palavra “dominar”, que encontramos lá em Gênesis, quando Deus cria a humanidade. Mas o que essa palavra realmente significa? Quando olhamos para o hebraico original e para o restante da história da criação, vemos que “dominar” não significava esmagar, conquistar ou explorar. A palavra carrega a ideia de ...

Calvinismo ou arminianismo? E se a resposta for "nenhum dos dois"?

Amigos e leitores, Se você já passou algum tempo em círculos cristãos, especialmente na internet, provavelmente já se deparou com a grande batalha, o clássico do futebol teológico: Calvinismo versus Arminianismo. Parece que existem dois times, com camisas bem definidas, torcidas apaixonadas e uma pressão constante para que a gente escolha um lado. De um lado, a soberania total de Deus. Do outro, a defesa do livre-arbítrio. E a gente fica no meio, muitas vezes, sentindo que nenhuma das duas camisas nos serve perfeitamente. Mas... e se eu te dissesse que o cristianismo é muito maior que esse campo de futebol? E se essa não for a única conversa possível? A verdade é que a Igreja de Cristo, em seus dois mil anos de história, pensou sobre a salvação de formas muito mais ricas e diversas. Hoje, quero te convidar a espiar para fora desse debate e conhecer outros jeitos que nossos irmãos, em outras tradições, encontraram para pensar o tema da eleição de Deus e sobre Sua graça. As terceiras vi...

Israel e a nossa fé: uma reflexão necessária

Amigos e leitores, Hoje, quero conversar com vocês sobre um assunto delicado, mas que tem tocado o coração de muitos de nós, especialmente em tempos de tantas notícias e conflitos. Vemos bandeiras nas igrejas, ouvimos orações fervorosas e, muitas vezes, aprendemos que apoiar o moderno Estado de Israel é um dever bíblico para todo cristão. A fé e o amor que muitos sentem pelo povo judeu e pela terra da Bíblia são sinceros e, em grande parte, nascem de um desejo genuíno de honrar a Deus e Suas promessas. Mas, com a Bíblia em uma mão e a história na outra, eu me sinto convidado por Deus a fazer uma pergunta honesta, que faço primeiro a mim mesmo: será que o Estado de Israel, fundado em 1948, é a mesma entidade do Israel da Bíblia, para o qual devemos reverência sagrada? Para pensar sobre isso, precisamos desfazer, com carinho, alguns nós. O nó da história A história nos conta uma verdade complexa. Após a destruição do Templo em 70 d.C., o povo judeu se espalhou pelo mundo. Foram quase doi...

E se todo dia fosse domingo? E sábado também?

Eu preciso confessar uma coisa: por muito tempo, a discussão sobre “guardar o sábado” ou “guardar o domingo” me deixava cansado. Parecia mais uma regra para acertar ou errar, uma fonte de ansiedade e até de julgamento. Talvez você também já tenha se sentido assim, preso entre a tradição e a sensação de que algo não se encaixa. Depois de um longo tempo mergulhado nesse tema, conversando e pesquisando, uma verdade simples e libertadora mudou tudo para mim. Eu percebi que estava fazendo a pergunta errada. A questão nunca foi  qual dia  guardar. A grande virada de chave foi entender que  o sábado do Antigo Testamento não era o destino final, era uma seta.  E todas as setas apontavam para o mesmo lugar: Jesus. Ele é o nosso descanso. Ele é o nosso verdadeiro Sábado. Quando confiamos n’Ele, finalmente encontramos o repouso que nossa alma tanto busca. E o domingo? Ah, o domingo... Também podemos vir a cair na armadilha de tentar transformá-lo em um “sábado cristão”, cheio ...