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Mostrando postagens de outubro, 2024

A fé da qual não podemos nos orgulhar

Amigos, Já repararam como, às vezes, a fé vira uma espécie de competição no meio cristão? Alguém expressa uma dúvida ou uma incerteza, e logo vem a resposta, com um ar de superioridade: “Pois eu tenho fé”. É quase como se a fé fosse uma virtude que nós mesmos produzimos, uma conquista pessoal, um mérito do qual podemos nos orgulhar. Mas o apóstolo Paulo, em sua carta aos Efésios, desmonta completamente essa nossa lógica de orgulho com uma das passagens mais libertadoras de toda a Escritura: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2.8-9) Vamos parar um instante nesta frase. Paulo não diz apenas que a salvação é um dom. Ele diz que o pacote completo — a salvação que recebemos por meio da fé — não vem de nós. A própria fé que nos conecta à graça é, ela mesma, um presente da graça! Por que essa verdade é tão importante? Porque, se a fé fosse algo que nós mesmos produzíssemos com nos...

As três identidades que moram em você

Amigos, É uma das perguntas mais antigas e fundamentais da vida: o ser humano é, em sua essência, bom ou mau? Alguns defendem a bondade inata; outros, o egoísmo fundamental. A resposta que a fé cristã nos oferece, no entanto, não é um “ou”, mas um “e”. Ela é mais complexa, mais honesta e, eu creio, muito mais esperançosa. Ela nos diz que, na verdade, três identidades habitam em cada um de nós. A primeira identidade: a Criatura Boa. Para entender quem somos, precisamos voltar ao começo. Em Gênesis, a Bíblia nos diz que, após criar o ser humano, Deus olhou para tudo o que havia feito e declarou que era “muito bom”. Essa é a nossa identidade original, a nossa “configuração de fábrica”. Fomos criados bons, para o bem, à imagem de um Deus bom. Essa dignidade fundamental, essa centelha da criação, mesmo que manchada, nunca foi completamente apagada de nós. A segunda identidade: o Pecador Caído. Mas nós sabemos que a história não parou aí. Com a Queda, uma segunda identidade foi impressa so...

Você não precisa comprar a briga dos outros

Amigos, Quero compartilhar com vocês uma cena que o teólogo A.W. Tozer descreveu e que nunca saiu da minha cabeça. Em seu leito de morte, John Wesley, o grande pai do Arminianismo, começou a cantar um hino de Isaac Watts, um fervoroso Calvinista. Tozer, ao observar essa cena, fez a pergunta que talvez muitos de nós tenhamos medo de fazer em voz alta: se, na hora da morte, o que importava para Wesley era o consolo em Cristo — independentemente de quem o escreveu —, por que, em vida, nós gastamos tanta energia cavando trincheiras teológicas opostas? A pergunta de Tozer é um bálsamo para o nosso tempo, uma era de polarização extrema. Somos constantemente pressionados a nos posicionar de forma binária. Na política, ou você é de direita ou de esquerda. Se tenta buscar um caminho de centro, é atacado pelos dois lados. Vivemos em uma cultura de guerra de opiniões, onde a neutralidade é vista como traição. E esse mesmo espírito de “ou está comigo ou está contra mim” invadiu a vida da Igreja. S...

Como ser um cidadão do Céu (e votar na Terra)

Amigos, Com as eleições se aproximando, a pressão e a ansiedade parecem aumentar. Somos inundados por informações, debates apaixonados, e a sensação de que o futuro da nossa nação está em jogo. E, em meio a tudo isso, surge a pergunta que muitos de nós fazemos em silêncio: como a minha fé em Jesus deve guiar o meu voto? Para me ajudar a navegar por essas águas turbulentas, eu sempre volto a uma ferramenta poderosa que a Reforma Luterana nos deu: a doutrina dos dois reinos . Martinho Lutero ensinava que Deus governa o mundo de duas maneiras diferentes, mas complementares. Gosto de pensar nisso como as “duas mãos de Deus”. Com a Sua “mão direita” , Ele governa o reino espiritual . Este é o reino da graça, do Evangelho, da fé. É o trabalho da Igreja, que lida com o perdão dos pecados e com a promessa da vida eterna. O objetivo deste reino é salvar almas. Mas Deus também governa com a Sua “mão esquerda” o reino temporal . Este é o reino da lei, do governo civil, dos prefeitos, juízes e pr...