Amigos,
Já repararam como, às vezes, a fé vira uma espécie de competição no meio cristão? Alguém expressa uma dúvida ou uma incerteza, e logo vem a resposta, com um ar de superioridade: “Pois eu tenho fé”.
É quase como se a fé fosse uma virtude que nós mesmos produzimos, uma conquista pessoal, um mérito do qual podemos nos orgulhar.
Mas o apóstolo Paulo, em sua carta aos Efésios, desmonta completamente essa nossa lógica de orgulho com uma das passagens mais libertadoras de toda a Escritura:
“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2.8-9)
Vamos parar um instante nesta frase. Paulo não diz apenas que a salvação é um dom. Ele diz que o pacote completo — a salvação que recebemos por meio da fé — não vem de nós. A própria fé que nos conecta à graça é, ela mesma, um presente da graça!
Por que essa verdade é tão importante?
Porque, se a fé fosse algo que nós mesmos produzíssemos com nossa própria força ou decisão, ela se tornaria uma obra. E se ela fosse uma obra, ela seria motivo de orgulho. Isso criaria uma nova hierarquia na igreja: os de “muita fé” e os de “pouca fé”, os fortes e os fracos.
Mas, ao nos ensinar que até mesmo a nossa fé é um dom, Deus nivela todos nós ao pé da cruz. Não há espaço para se vangloriar, para se comparar, para se sentir superior.
Gosto de pensar na fé com uma imagem simples: a fé é a mão vazia de um mendigo estendida para receber um banquete.
A graça é o banquete, oferecido livremente pelo Rei. A fé é a mão que o recebe. Mas quem dá a força para o mendigo, paralisado e fraco, estender a mão? O próprio Rei que oferece o banquete. A salvação é obra de Deus do início ao fim.
Portanto, a nossa fé não diz nada sobre o quão bons, fortes ou espirituais nós somos. Ela diz tudo sobre o quão bom, gracioso e poderoso Deus é.
Até a menor fagulha de fé que existe em nosso coração não é uma conquista nossa, mas um milagre, um presente de um Deus generoso que nos permite conhecê-Lo, amá-Lo e, assim, sermos salvos.
Nossa resposta a um presente como esse nunca pode ser o orgulho. Só pode ser a mais profunda e humilde gratidão.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te libertou do peso de ter que “produzir” fé, salve-a. E para aprofundarmos essa conversa sobre a natureza da graça, quero te fazer um convite para a nossa live sobre o assunto.
Assista logo abaixo:
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