Quantas vezes já ouvimos frases que consideram a fé enquanto uma conquista pessoal ou algo do qual alguém deva sentir orgulho? “Eu tenho fé”, dizem muitos cristãos ao perceberem que alguém demonstra algum tipo de incerteza, é quase como se fosse uma competição. Ao pronunciar que temos fé, é de costume que o façamos para reforçar o nosso ego, quando na verdade, fé não diz nada a nosso respeito, exatamente pelo fato de que a fé nos é dada, de graça, de forma totalmente indistinta. A fé, portanto, não é uma conquista ou uma virtude pessoal pela qual possamos nos orgulhar.
A graça de Deus é absolutamente imerecida. Ela não depende de qualquer ação, disposição ou qualidade preexistente no ser humano. A salvação acontece pela graça e portanto, é resultado da iniciativa divina que decide salvar e por amor perdoar as nossas falhas e limitações. Em Efésios 2.8-9, o apóstolo Paulo dá testemunho desta salvação operada pela graça: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.”
A nossa salvação acontece por causa da graça por meio da fé, e esta fé não provém de qualquer mérito que possamos ter, é dom de Deus. Não somos nós que desenvolvemos a fé para alcançar a salvação. Pelo contrário, ela é parte da graça salvadora de Deus. Portanto, não há espaço para se vangloriar da própria fé, como se fosse um mérito. Ter fé é simplesmente o resultado da ação graciosa de Deus em nossas vidas, pois é Ele quem nos capacita a crer.
Se a fé fosse algo que o ser humano produzisse por sua própria força ou decisão, então ela poderia ser motivo de orgulho, transformando-se em uma obra humana. Mas, ao reconhecer que a fé é dom de Deus, somos levados a entender que a salvação é totalmente obra divina, do início ao fim. A salvação não existe sem a fé e a graça. Elas são interdependentes no plano de salvação. A graça de Deus é o que nos salva, e a fé é o instrumento pelo qual essa graça nos é aplicada. Mas ambas têm a mesma origem: Deus.
É mais que necessário compreender que fé é graça e que portanto não podemos reivindicar qualquer mérito por termos fé. Qualquer fagulha de fé que possa existir em nós é presente de um Deus eternamente bondoso e generoso que nos permite conhecê-Lo, amá-Lo e assim sermos salvos.
Por Marlon Anezi
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