Amigos,
É uma das perguntas mais antigas e fundamentais da vida: o ser humano é, em sua essência, bom ou mau?
Alguns defendem a bondade inata; outros, o egoísmo fundamental. A resposta que a fé cristã nos oferece, no entanto, não é um “ou”, mas um “e”. Ela é mais complexa, mais honesta e, eu creio, muito mais esperançosa. Ela nos diz que, na verdade, três identidades habitam em cada um de nós.
A primeira identidade: a Criatura Boa. Para entender quem somos, precisamos voltar ao começo. Em Gênesis, a Bíblia nos diz que, após criar o ser humano, Deus olhou para tudo o que havia feito e declarou que era “muito bom”. Essa é a nossa identidade original, a nossa “configuração de fábrica”. Fomos criados bons, para o bem, à imagem de um Deus bom. Essa dignidade fundamental, essa centelha da criação, mesmo que manchada, nunca foi completamente apagada de nós.
A segunda identidade: o Pecador Caído. Mas nós sabemos que a história não parou aí. Com a Queda, uma segunda identidade foi impressa sobre a primeira: a do pecador. Essa não é a nossa essência, mas uma corrupção dela. É uma rebelião, uma ruptura de comunhão com nosso Criador, que nos inclina para o egoísmo, para o orgulho e para o mal. É a identidade que nos torna, por nós mesmos, incapazes de voltar para Deus.
A terceira identidade: o Filho Redimido. Se a história terminasse aqui, seria uma tragédia. Mas o Evangelho nos anuncia a chegada de uma terceira identidade, uma que não podemos conquistar por esforço próprio, mas que recebemos como um presente. Em Jesus Cristo, Deus nos oferece uma nova realidade. Pela fé em Sua obra, somos perdoados, justificados e adotados. Recebemos a identidade de “filhos de Deus”.
E aqui está o mistério da vida cristã. Nós não deixamos de ser criaturas e, nesta vida, não deixamos de ser pecadores. Mas recebemos uma nova identidade que se sobrepõe e redefine todas as outras.
Martinho Lutero resumiu isso na famosa frase: simul justus et peccator. Simultaneamente justo e pecador.
Isso significa que dentro de nós há uma luta constante entre o “velho homem” (nossa natureza pecadora) e o “novo homem” (nossa identidade em Cristo). Mas a boa notícia do Evangelho é que, para quem está em Cristo, a identidade final, a que define quem nós somos diante de Deus, a que prevalece pela guia do Espírito Santo, é a de filho justo e amado.
Então, somos bons ou maus? Somos criaturas boas, corrompidas pelo pecado, mas que, pela graça avassaladora de Deus, podemos ser feitos justos em Cristo. E essa, a de filho, é a identidade que Ele nos chama a viver todos os dias.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te ajudou a entender a complexidade do seu próprio coração, salve-a. E para aprofundarmos essa conversa sobre a nossa identidade em Cristo, quero te fazer um convite para a nossa live sobre o assunto.
Assista logo abaixo:
Comentários
Postar um comentário