Amigos,
Fechem os olhos por um instante e tentem imaginar a cena. Uma noite escura e silenciosa nos campos de Belém. Pastores, gente simples, cuidando de suas ovelhas. De repente, o céu se rasga em luz, e um anjo aparece com uma mensagem que mudaria a história:
“Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo.” (Lucas 2.10)
A reação daqueles homens foi imediata: expectativa, admiração e movimento. Eles foram, apressadamente, ver o que tinha acontecido. Encontraram um menino numa manjedoura e o adoraram.
E eu fico pensando: e se essa cena acontecesse hoje, em 2025? Se um anjo aparecesse em uma praça movimentada com essa mesma “boa-nova de grande alegria”, como nós reagiríamos?
Talvez com descrédito: “Isso é fake news, não está em nenhum portal de notícias”. Talvez com indiferença: “Um Salvador? Salvador de quê? Eu não preciso ser salvo por ninguém”. A “grande alegria” anunciada pelo anjo, muitas vezes, é recebida pela nossa cultura com um grande bocejo de apatia. Por quê?
Muitas vezes dizemos que o nosso tempo é um tempo sem fé. Mas eu não concordo. O problema não é a falta de fé. Todos nós cremos em algo. Até o cético mais convicto tem fé em sua própria descrença e a defende com fervor. A grande questão não é se as pessoas têm fé, mas em que elas têm depositado a sua fé.
E me parece que a religião não-oficial do nosso tempo é a fé no acaso.
A crença de que estamos aqui por um acidente cósmico, de que a vida não tem um enredo maior, e de que esta existência é tudo o que temos. E essa fé, como qualquer outra, tem suas consequências.
Se não há um Criador e um propósito, então não existe “pecado” no sentido de uma rebelião contra Ele. E se não há pecado, para que precisamos de um “Salvador”? A boa-nova de salvação se torna uma mensagem sem sentido, uma resposta para uma pergunta que a nossa cultura parou de fazer.
É por isso que, no Natal, o significado se esvazia. Os presentes, que deveriam ser um símbolo do grande Presente que recebemos — a salvação em Cristo —, tornam-se um fim em si mesmos. A festa perde sua substância.
E essa é a tragédia da fé no acaso: ela é triste, desalentadora. Ela nos ensina que o foco é apenas no hoje, no agora. Que não há pecado, então tudo é permitido, desde que me faça feliz. É um jeito mais fácil de viver, talvez, mas que exige que a gente ignore os sinais de Deus ao nosso redor. Exige que a gente negue a cruz, a ressurreição e a esperança de uma vida que vai além desta.
Como disse o apóstolo Paulo, “se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima” (1 Coríntios 15.19).
A “boa-nova de grande alegria” não foi silenciada. Ela continua sendo a história mais verdadeira e esperançosa já contada, ecoando para quem estiver disposto a questionar a sua fé no acaso e a considerar que, talvez, só talvez, nós não estejamos aqui por acidente. Que talvez, só talvez, nós realmente tenhamos um Salvador.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te fez pensar, salve-a. Como podemos, em nosso dia a dia, ajudar as pessoas a ouvirem a “boa-nova de grande alegria” em meio ao ruído de um mundo que crê no acaso? Adoraria ler sua perspectiva nos comentários.
Excelente reflexão! Todo indivíduo crê em algo, ainda que seja em si mesmo. Os "independentes de Deus" erguem altares para deuses modernos em seus corações e não percebem o quão religiosamente pagãs são suas atitudes. Enquanto dizem amar a liberdade, aprisionam a si mesmos, negando a liberdade que Cristo proporciona. É uma pena que o homem, que tanto pediu para que Deus saísse de cena, hoje viva a mercê do deus que ele mesmo cultiva em seu estômago.
ResponderExcluirVerdade, Bruno! Estamos vivendo tempos complicados. O evangelho, em sua essência, torna-se cada vez mais obsoleto, porque as pessoas não compreendem que precisam ser salvas. Este evangelho que vem de encontro ao homem e o tira da escuridão, anunciado pelo anjo aos pastores em Lc 2 é cada vez mais difícil de se conectar com as pessoas. E disso decorrem vários problemas...
Excluir