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A rua não é apenas violenta como os noticiários pintam...

Certa vez, li no livro Siga em Frente do autor Austin Kleon sobre um costume diário que ele tem de caminhar com sua esposa e filhos pequenos para ver como são as ruas com os seus próprios olhos. O costume matinal de Kleon lhe trouxe a compreensão do quão importante é ter esse contato com as pessoas e com o mundo ao redor para perceber que ele não é tão catastrófico quanto os noticiários mostram.                   

Ele diz: “O que aprendi nas nossas caminhadas matinais é que, sim, caminhar é ótimo para expulsar os demônios internos, mas, talvez mais importante, caminhar é ótimo para lutar contra demônios externos. Aqueles que querem nos controlar através do medo e da desinformação – grandes empresas, publicitários, políticos – nos querem ligados ao telefone ou à televisão, porque assim nos vendem sua visão de mundo. Se não sairmos de casa, se não caminharmos no ar fresco, não vemos nosso mundo diário como realmente é e não criamos nossa própria visão para combater a desinformação.” (p. 160)

Pode ser que você pense que os jornais querem apenas informá-lo sobre o que está acontecendo, mas já parou para refletir que muitas coisas boas estão acontecendo e, ainda assim, o jornal noticia 90% de acontecimentos negativos diariamente? Quando você se concentra apenas naquilo que o jornal escolhe mostrar, corre o risco de adquirir uma visão míope sobre os lugares, as pessoas e até sobre a vida.

É importante estar informado, mas é preciso considerar que o jornal não é apenas uma fonte de informação; ele também contém sensacionalismo e interesses por trás. A mídia comunica aquilo que quer, da forma que deseja, e sabe exatamente como quer que o espectador se sinta. Sabemos que muitas pessoas deixam de sair de casa porque adquiriram medo, enquanto o jornal continua sempre ligado na TV e a indústria do medo ataca por todos os lados.

“Quando estamos colados à tela, o mundo parece irreal. Horrível. Não vale a pena salvá-lo, nem interagir com ele. Todo mundo parece um babaca, um maníaco, ou coisa pior. Mas é só sair e caminhar para retomar os sentidos. Tá, tem uns maníacos e alguma feiura por aí, mas também gente sorridente, pássaro cantando, nuvem voando… tudo isso. Há possibilidade. Caminhar é uma forma de encontrar possibilidade na vida quando não parece sobrar nenhuma.” (p. 161)

O mundo pode ser um lugar perigoso, e isso não pode ser descartado de forma alguma, mas ele é muito mais do que isso. Não seja manipulado pela televisão; veja com os próprios olhos e tire suas próprias conclusões.


Referência:

KLEON, Austin. Siga em frente: 10 maneiras de manter a criatividade nos bons e maus momentos. 1 ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2019.

Por Marlon Anezi


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