Eu tenho uma mania: gosto de observar. E, ultimamente, tenho percebido como os dias de tantas pessoas começam e terminam com uma tela. O primeiro gole de café vem com manchetes urgentes; a última olhada antes de dormir é para o resumo de um dia de más notícias. E, mesmo que essa não seja a minha rotina pessoal, eu não consigo deixar de sentir o efeito disso no ar — um peso coletivo, uma ansiedade que se espalha, uma sensação de que a esperança está diminuindo.
Foi refletindo sobre isso que encontrei as palavras de um autor chamado Austin Kleon, em seu livro Siga em Frente. Ele conta que tem o costume de caminhar todas as manhãs com sua família, não só por exercício, mas para ver o mundo com os próprios olhos.
Ele diz algo que ficou ecoando em mim: caminhar não serve apenas para lutar contra nossos demônios internos, mas também contra os externos. E quem são esses demônios externos? São as vozes que lucram com o nosso medo e desinformação — as grandes empresas, os políticos, a publicidade. Eles nos querem presos às telas, porque é ali que eles vendem sua visão de mundo, que quase sempre é uma visão de catástrofe iminente.
Enquanto eu lia isso, não consegui deixar de pensar no que o apóstolo Paulo nos ensinou em Fp 4.8:
“Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas.”
Eu percebi que o noticiário diário é o exato oposto desse versículo. Ele nos treina a pensar em tudo o que é alarmante, corrupto, impuro e de má fama. Paulo não estava nos convidando a uma alienação ingênua, como se o mal não existisse. Ele estava nos dando um princípio de sanidade espiritual: aquilo em que você foca, se expande em sua alma.
Quando nos colamos à tela, como diz Kleon, o mundo parece horrível, irreal. Mas quando saímos para o ar livre, nossos sentidos são restaurados. Sim, existem problemas e perigos, mas também existem pessoas sorrindo, pássaros cantando, crianças brincando. Existe a criação de Deus pulsando ao nosso redor.
A verdade é que a indústria do medo só funciona se não tivermos um contraponto. Ela só nos domina se esquecermos de olhar pela janela, de dar bom dia ao vizinho, de sentir o sol no rosto.
Talvez o convite para mim e para você hoje seja tão simples quanto o de Kleon: caminhar. Não apenas como um exercício para o corpo, mas como um exercício para a alma. Uma forma de, intencionalmente, “pensar nas coisas que são de cima” (e de boa fama) ao observar o que está ao nosso redor.
Isso não apaga as tragédias do mundo, mas nos lembra que a bondade de Deus, Sua bela criação e as pessoas feitas à Sua imagem ainda estão aqui. E essa é uma verdade muito mais poderosa do que qualquer manchete.
Com carinho,
Marlon Anezi
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