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Mostrando postagens de janeiro, 2025

Cursar Teologia: o ponto de partida, não a linha de chegada.

A cada dia que passa, tenho a estranha sensação de que sei menos. E, acredite, isso tem sido uma das maiores graças que Deus me deu. Olhando para trás, para o adolescente de 15 anos que eu era, essa frase seria um absurdo. Naquela época, no auge do Ensino Médio, enquanto meus amigos sonhavam com carros e carreiras lucrativas, eu só conseguia pensar em uma coisa: Teologia. Parecia um desejo estranho, até meio solitário. Quem troca o futebol ou o videogame pelo estudo das profecias da primeira vinda de Cristo? Pois é, esse era eu. Lembro de passar horas debruçado sobre os Evangelhos, fascinado, me perguntando:  “Como homens que viveram séculos antes de Jesus puderam descrever tantos detalhes sobre Ele?” Tal inquietação me levou a devorar tudo o que eu podia, com as ferramentas que tinha: uma Bíblia e uma conexão de internet. Sozinho no meu quarto, eu já vivia a Teologia antes mesmo de sonhar com um diploma. Ali, naquele esforço amador e apaixonado, Deus já me ensinava a primeira liçã...

Menos barulho, mais verdade.

Às vezes, eu me sinto cansado. Assim como tantas pessoas que admiro, dedico boa parte da minha vida a estudar com seriedade, a buscar um entendimento que vá além da mera informação. E sinto na pele a frustração de ver, com um simples clique, todo esse trabalho ser ofuscado por um conteúdo superficial. É aquela sensação de impotência ao ver um argumento bem construído ser ignorado, enquanto a opinião mais barulhenta, mesmo que vazia, rouba a cena. Acredito que, no fundo, essa é uma dor que muitos de nós compartilhamos. Todos nós temos uma inclinação para o que é mais fácil. Gostamos de narrativas simples, que não desafiam o que já acreditamos. É mais confortável ficar na nossa bolha, ouvindo vozes que reforçam nossas certezas. Construímos nossas casinhas de tijolos sobre a areia, porque o trabalho de cavar até encontrar a rocha é exaustivo. A verdade é que existem até nomes para isso, como o tal efeito  Dunning-Kruger , que explica como a falta de conhecimento pode gerar um excesso ...

O mundo fora da tela

Eu tenho uma mania: gosto de observar. E, ultimamente, tenho percebido como os dias de tantas pessoas começam e terminam com uma tela. O primeiro gole de café vem com manchetes urgentes; a última olhada antes de dormir é para o resumo de um dia de más notícias. E, mesmo que essa não seja a minha rotina pessoal, eu não consigo deixar de sentir o efeito disso no ar — um peso coletivo, uma ansiedade que se espalha, uma sensação de que a esperança está diminuindo. Foi refletindo sobre isso que encontrei as palavras de um autor chamado Austin Kleon, em seu livro Siga em Frente . Ele conta que tem o costume de caminhar todas as manhãs com sua família, não só por exercício, mas para ver o mundo com os próprios olhos. Ele diz algo que ficou ecoando em mim: caminhar não serve apenas para lutar contra nossos demônios internos, mas também contra os externos . E quem são esses demônios externos? São as vozes que lucram com o nosso medo e desinformação — as grandes empresas, os políticos, a publici...