Amigos,
Há uma acusação que, vez ou outra, pesa sobre nós, cristãos, e que precisamos encarar com honestidade e o coração aberto: a de que a nossa fé é uma religião de brancos, ocidental, uma ferramenta da colonização.
E, se olharmos para certos períodos sombrios da história, é impossível negar. A cruz foi, sim, vergonhosamente empunhada ao lado da espada para justificar a opressão, a escravidão e a destruição de culturas inteiras. Nós, como Igreja, precisamos confessar esse pecado.
Mas será que essa é a história completa? Será que essa é a essência da fé que professamos?
Para entender a nossa fé, precisamos voltar para casa. E a nossa casa original não é a Europa. O cristianismo nasceu no Oriente Médio, com um carpinteiro judeu vivendo em uma terra — a Palestina — que estava sob a opressão de um império colonizador: Roma.
A fé cristã não nasceu no centro do poder, mas nas margens oprimidas. Seus primeiros grandes centros foram Jerusalém, Antioquia e Alexandria, cidades do Oriente e da África. Muito antes de a Europa se tornar “cristã”, já existiam igrejas vibrantes na Etiópia e na Índia. Nossa fé, em sua raiz, é oriental e multicultural.
E, paradoxalmente, a mesma fé que em alguns momentos foi usada para oprimir, em outros, se tornou a maior fonte de força para os oprimidos.
Foi a fé em um Deus libertador, cantada nos espirituais negros, que sustentou a luta pelo fim da escravidão nos Estados Unidos.
Foi a fé em um Cristo que se identifica com os pobres que inspirou a Teologia da Libertação em toda a América Latina.
Foi a fé no perdão radical que deu a homens como Martin Luther King Jr. e Desmond Tutu a coragem sobrenatural para enfrentar o ódio racial sem se tornarem odiosos.
A cruz, quando empunhada pelos que sofrem, sempre foi um sinal de esperança e resistência.
E se olharmos para a família cristã hoje, no século XXI, a imagem de uma “fé de brancos” se desfaz completamente. A maioria dos cristãos do mundo, hoje, vive na África, na Ásia e na América Latina. O cristianismo é, de fato, a fé mais global e diversa do planeta.
A história é complicada, e os pecados da Igreja são reais. Mas os pecados dos cristãos não anulam a pureza e a beleza do Evangelho.
A mensagem central de Cristo, resumida pelo apóstolo Paulo, é a dinamite que implode qualquer ideia de superioridade ou colonização: “não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3.28).
O Evangelho não veio para impor uma cultura sobre a outra, mas para transformar os corações dentro de cada cultura, criando uma nova e única família, onde todas as tribos, povos e nações são bem-vindos à mesa do Pai.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te ajudou a pensar, salve-a. E para aprofundarmos essa conversa tão necessária, quero te fazer um convite para a nossa live, onde vamos explorar juntos esse tema.
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