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Nossos celulares ficarão mais inteligentes. E nós?

Amigos,

Parece que vivemos em um episódio de ficção científica, não é mesmo? Inteligência artificial que cria arte, carros que dirigem sozinhos, promessas de biotecnologia que podem revolucionar a saúde. O futuro, que antes víamos nos filmes, está batendo à nossa porta.

As promessas são deslumbrantes: um mundo mais eficiente, mais saudável, mais conectado. Mas, em meio a todo esse brilho, uma pergunta silenciosa começa a pesar no meu coração: à medida que tudo ao nosso redor se torna mais “inteligente”, o que está acontecendo com a nossa alma?

O grande perigo que corremos, como sociedade, é o de construir um mundo perfeitamente eficiente para pessoas perfeitamente vazias. É a tentação de priorizar a eficiência em detrimento da empatia. De reduzir seres humanos a dados, a números, a perfis de consumo. De valorizar mais a velocidade da conexão do que a profundidade dos nossos relacionamentos.

É por isso que eu acredito que, mais do que nunca, precisamos de uma “ecologia do espírito”.

É a ideia de que, para cada avanço tecnológico que acontece lá fora, precisamos cultivar, intencionalmente, um avanço correspondente aqui dentro. É a disciplina de nutrir aquilo que a tecnologia não pode nos dar e que, muitas vezes, até nos rouba: a compaixão, a humildade, a paciência, a capacidade de ficar em silêncio, a arte do encontro olho no olho.

A nossa fé cristã não é contra a tecnologia; ela é radicalmente a favor da humanidade. O papel da teologia, em meio a tantos avanços, não é dar todas as respostas, mas garantir que continuemos a fazer as perguntas certas. Perguntas como:

  • Essa nova tecnologia nos ajuda a amar melhor a Deus e ao próximo?

  • Ela serve à dignidade humana ou a diminui?

  • Ela promove a justiça ou aprofunda a desigualdade?

O progresso não precisa ser nosso inimigo. Mas ele precisa de um guia. Precisa de um coração. Precisa de uma alma.

A visão da ecologia do espírito nos convida a garantir que a tecnologia sirva ao bem comum, e não apenas ao lucro ou ao controle. É um chamado para construirmos um futuro onde o avanço tecnológico e o cuidado com a alma humana caminhem de mãos dadas, promovendo uma sociedade que não seja apenas mais inteligente, mas também mais justa, mais compassiva e mais sábia.

Com carinho e oração pelo nosso futuro, 

Marlon Anezi

Se esta reflexão te fez pensar, salve-a. E para aprofundarmos essa conversa crucial, quero te fazer um convite para a nossa live sobre o assunto.

Assista logo abaixo:



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