Amigos,
Há uma tentação que ronda nossas igrejas, muitas vezes disfarçada de piedade e zelo: a tentação de viver em uma bolha.
É o medo de se “contaminar” com o mundo. O receio de que uma música “secular” possa nos desviar, de que um filme “não-cristão” possa manchar nossa fé, de que uma conversa com quem pensa diferente possa abalar nossas convicções. A solução parece simples: rejeitar tudo em bloco, rotular o que está fora da nossa bolha como “demoníaco” e manter uma distância segura.
A intenção por trás disso é, muitas vezes, boa: um desejo sincero de santidade. Mas, quando leio o conselho do apóstolo Paulo aos Tessalonicenses, vejo um caminho muito diferente, um caminho de coragem e maturidade, não de medo. Ele nos diz:
“Examinem tudo, fiquem com o que é bom e evitem todo tipo de mal.” (1 Tessalonicenses 5.21-22)
Repare no processo que Paulo nos ensina. Ele não diz: “Fujam de tudo”. Ele diz: “Examinem tudo”. A primeira atitude do cristão maduro não é a rejeição, mas a análise. Somente depois de examinar, com a Palavra de Deus como nossa lente, é que podemos cumprir os dois passos seguintes: reter o que é bom e rejeitar o que é mau.
O problema é que, muitas vezes, somos apressados em nossos julgamentos. Em vez de examinar, nós rotulamos. Em vez de nos aproximarmos para conhecer, nós julgamos à distância.
Quantas músicas boas, que falam da beleza da vida, do amor, da saudade — temas que Deus mesmo criou — nós já descartamos simplesmente porque não têm o selo “gospel”?
E, o que é mais perigoso, quantas pessoas maravilhosas, que vivem de forma justa e amável fora das paredes da igreja, nós já rotulamos como “perdidas” ou “do mundo”, sem nunca nos darmos a chance de conhecer seus corações?
Essa atitude de se afastar antes de conhecer não é um sinal de força espiritual. Na verdade, é o oposto. É o sintoma de uma fé frágil, que tem medo do contato com o que é diferente, que não confia no poder do Espírito Santo para nos dar discernimento.
Uma fé madura não tem medo de “provar” as coisas. Ela se aproxima, analisa, mastiga. Ela sabe que, com a Palavra de Deus como sua “pedra de toque”, pode se engajar com o mundo sem ser engolida por ele.
A vida de quem apenas julga à distância se torna amarga e sem sal. A pessoa se recusa a provar o novo, se afasta antes de conhecer e, no processo, perde a oportunidade de encontrar a beleza e a bondade que a graça comum de Deus espalhou por toda a criação.
Que a nossa fé não seja uma redoma de vidro, frágil e medrosa, mas uma fortaleza segura, de onde podemos sair com confiança para examinar o mundo e reter tudo aquilo que é bom, para a glória de Deus.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te desafiou, salve-a. E para aprofundarmos essa conversa sobre como ter uma fé madura em um mundo complexo, quero te convidar para a nossa live sobre o assunto.
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