Existem dias em que abro a Bíblia e me deparo com palavras que são difíceis. Difíceis de entender, difíceis de aceitar e, principalmente, difíceis de viver.
Talvez você também já tenha se sentido assim. Lê um trecho que soa duro, uma ordem que parece impossível, um ensinamento que confronta diretamente o seu jeito de pensar. A primeira reação, quase instintiva, é a de recuar. De pensar: "Isso é demais para mim".
Eu me lembro de ter lido a cena em João 6, quando uma multidão seguia Jesus, fascinada por Seus milagres. Tudo ia bem até que Ele começou a dizer coisas estranhas. Ele disse que era o "pão da vida" e que, para ter vida, as pessoas precisariam "comer a sua carne e beber o seu sangue".
Eu consigo imaginar o desconforto deles. Consigo ouvir os cochichos: "Que conversa é essa? Como Ele pode nos dar sua carne para comer?". Aquele ensinamento era ofensivo, ilógico, duro demais. E, como resultado, a Bíblia diz que muitos dos seus seguidores o abandonaram.
A verdade é que, às vezes, a Palavra de Deus soa como Lei – uma lista de "faça" e "não faça" que parece nos esmagar e apontar nossas falhas. Mas Jesus estava ali anunciando o Evangelho, a boa notícia da salvação que se encontrava Nele. Mesmo assim, Suas palavras soaram como um fardo.
E a pergunta que Ele fez àqueles que ficaram ecoa até hoje para nós: “Vocês querem me abandonar por causa disso?” (v. 61).
Quantas vezes eu e você já não nos sentimos tentados a abandonar uma verdade bíblica porque ela nos pareceu difícil demais? Porque ela exigia uma confiança que não sentíamos ter?
Eu percebi que o problema daqueles homens, e muitas vezes o nosso, não é intelectual. Não se tratava de canibalismo, mas de algo muito mais profundo: fé. Eles não confiavam o suficiente nas palavras de Jesus para se comprometerem com o mistério que Ele apresentava.
E é no meio dessa confusão, tanto a deles quanto a nossa, que Jesus nos dá a chave que abre todas as portas. Ele olha para eles e diz:
“As palavras que eu lhes disse são espírito e vida.” (v. 63)
Que declaração poderosa. Tudo o que precisamos entender está aqui. Quando a Palavra de Deus te ferir, quando você não a compreender, quando o caminho que ela aponta parecer íngreme demais, lembre-se disto: as palavras Dele são espírito e vida. Elas carregam em si o poder criador de Deus.
Nós nos acostumamos, em nosso tempo, a buscar apenas o que nos agrada. É fácil encher igrejas que prometem ganhos financeiros ou que oferecem entretenimento. Mas esse é o pão que perece, que não gera vida eterna.
A verdade é que a Palavra que cura, muitas vezes, é a mesma que primeiro nos fere, como o bisturi de um cirurgião que precisa cortar para remover o que nos adoece. Se passarmos a aceitar pela fé até mesmo as palavras que nos desagradam, elas irão gerar vida em nós.
A Palavra entra em nosso coração, o Espírito Santo a usa para gerar vida e, como resultado, a fé brota. Se ouvimos e não cremos, talvez seja porque, como diz a carta aos Hebreus, estamos endurecendo nosso coração.
Será que eu e você temos deixado nosso coração se tornar pedra para a Palavra que pode gerar vida em nós?
Jesus, o Autor da vida, está pronto para, hoje, gerar vida verdadeira em nosso ser através de Suas palavras. Que possamos abrir o coração para Ele, mesmo sem entender tudo, e confiar que qualquer Palavra que venha Dele é, e sempre será, para a nossa vida.
Se esta carta te encorajou, salve-a para ler em um dia difícil ou compartilhe com alguém que precisa ouvir isso. Deixe seu comentário, vou adorar saber como essa mensagem te alcançou.
Com carinho e em oração,
Marlon Anezi
Quer aprofundar essa reflexão?
Se este tema do poder das palavras de Jesus mexeu com você, eu gravei um vídeo especial onde exploro ainda mais essa passagem de João 6.
Nele, falo sobre como podemos aprender a confiar na Palavra de Deus, mesmo quando ela nos confronta ou parece dura demais. É um convite para trocarmos a incredulidade pela fé que recebe a vida que só Cristo pode dar.
Clique no link abaixo para assistir. Espero que seja uma bênção para sua jornada.
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