Amigos,
Se há algo que a nossa cultura trata como sagrado, é a família. “Família em primeiro lugar”, dizemos. É um laço de sangue que, muitas vezes, parece justificar tudo: usamos como desculpa para encobrir falhas, como motivo para exigir lealdade e, por vezes, até para cometer injustiças em nome de “proteger os nossos”.
O amor pela família é, sem dúvida, uma dádiva de Deus. Mas, como toda dádiva, ela corre o risco de se tornar um ídolo.
E é por isso que a atitude de Jesus em relação à família é, à primeira vista, tão chocante.
Imagine a cena. Jesus está ensinando, cercado por uma multidão atenta. Alguém o avisa: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora, te procurando”. A reação de qualquer um de nós seria pedir licença e ir atendê-los. Mas Jesus não. Ele olha para as pessoas sentadas ao seu redor e faz uma pergunta radical:
“Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”
E então, Ele mesmo responde, apontando para os que o ouviam:
“Quem faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” (Marcos 3.35)
Essa fala de Jesus não é um ataque à família de sangue. É um convite poderoso para colocá-la no lugar certo. O perigo que Jesus aponta não é o amor familiar, mas a idolatria da família. O perigo é quando a lealdade a um sobrenome se torna mais importante do que a nossa lealdade a Deus. Quando “mas é da minha família” vira uma desculpa para o erro.
Qualquer coisa que colocamos no trono do nosso coração, que pertence somente a Deus — mesmo as coisas boas que Ele criou, como a família —, pode se tornar um mal para nós.
Jesus, então, nos mostra que existe um laço mais forte que o sangue que corre em nossas veias.
O nosso pacto familiar original, o “sangue de Adão”, é um sangue que nos une no pecado. Mas Jesus inaugura uma nova família, unida por um novo sangue: o sangue da nova aliança, derramado na cruz por todos nós.
E quem faz parte dessa nova e eterna família? Todos aqueles que, pela fé, buscam fazer a vontade do Pai.
Nessa família, Jesus é nosso irmão mais velho. E cada pessoa no mundo, de qualquer nação, raça ou história, que foi lavada e salva por esse mesmo sangue, se torna, instantaneamente, nosso irmão, nossa irmã, nossa mãe.
Isso não anula o amor e o cuidado que devemos ter por nossas famílias terrenas. Mas nos dá a perspectiva correta. Nossa lealdade final, nossa identidade mais profunda, não está em nosso DNA, mas no sangue de Cristo que nos uniu a Ele e uns aos outros para sempre.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te desafiou, salve-a. Em sua vida, a lealdade à sua família de sangue já te levou a agir de uma forma que não honrou a sua aliança com a família de Cristo? Como podemos equilibrar esses dois amores?
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Marcadores
Devocional Ética cristã Reflexão- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Comentários
Postar um comentário