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O conceito luterano de fé ativa no amor

A fé não deve ficar apenas guardada em nossos corações. A verdadeira fé se revela quando ela é ativa no amor. Mas o que isso realmente significa para nós, cristãos? A fé ativa no amor é um chamado a servir ao próximo. Não basta apenas acreditar, é necessário que nossas ações reflitam a nossa fé. É através do amor que a fé se mostra de maneira palpável. Uma fé genuína se manifesta em obras de amor, compaixão e generosidade.

Somos chamados a sermos livres e, ao mesmo tempo, servos uns dos outros. Essa aparente contradição é explicada por Martinho Lutero: “O cristão é um senhor absolutamente livre de todos, sujeito a ninguém. O cristão é um servo absolutamente obediente a todos, sujeito a todos.” (Lutero, 1983) Lutero nos lembra que, embora sejamos livres pela fé, essa liberdade nos conduz a uma vida de serviço ao próximo. A verdadeira liberdade cristã é exercida através de um espírito voluntário de servidão e amor.

Lutero também insistia que uma fé viva se expressa em obras de amor. Mas essas boas obras não são feitas por compulsão ou obrigação. Como explica Forell (1985, p. 82): “Lutero insistia em que uma fé viva se expressa em obras de amor. Mas estas boas obras seguem-se espontaneamente, e não sob a compulsão da lei.” Portanto, quando estamos verdadeiramente enraizados na fé, nossas ações de amor e bondade fluem naturalmente de nós. Elas são uma expressão sincera e voluntária da fé que carregamos em nossos corações.

A fé ativa no amor nos chama a viver uma vida de serviço, compaixão e generosidade. Somos livres em Cristo, mas essa liberdade nos impulsiona a sermos servos de todos, refletindo o amor de Deus em nossas ações diárias. Nossa fé se torna viva e verdadeira quando é manifestada através do amor ao próximo.

Por Marlon Anezi

Referências:

FORELL, G. W. Fé ativa no amor. Concórdia/Sinodal: São Leopoldo/Porto Alegre, 1985.

LUTERO, Martinho. Da Liberdade cristã. 4.ed. São Leopoldo/RS: Sinodal, 1983.

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