Nós vivemos com uma ilusão muito teimosa: a de que somos donos das coisas. Minha vida, meu tempo, minha casa, minha família. Usamos o pronome “meu” com tanta naturalidade que esquecemos que, na verdade, somos apenas administradores dos presentes que Deus colocou em nossas mãos por um tempo.
E essa ilusão de posse torna a experiência da perda algo quase insuportável.
Quando algo ou alguém que amamos nos é tirado, a sensação é de uma injustiça, de um roubo. O mundo desaba. E, nesse momento, é muito difícil orar com o coração sincero: “O mundo é Teu, Senhor”. A nossa reação natural é a amargura, a raiva, a dor profunda.
E mesmo quando o tempo passa e a dor aguda se acalma, algo permanece: a saudade. Aquele eco de uma presença, de um tempo, de uma alegria que tínhamos e não temos mais.
Mas, e se a saudade não for apenas uma lembrança dolorosa do passado? E se ela for, também, uma espécie de profecia sobre o futuro?
Eu acredito que a saudade não existe apenas para nos fazer chorar pelo que perdemos. Ela existe para nos fazer ansiar pelo que teremos. Em um sentido misterioso, Deus coloca em nossos corações saudades de algo que ainda está por vir.
A Bíblia está cheia de histórias que nos mostram essa lógica da restauração divina.
Adão perdeu o Jardim do Éden, mas a todos os que creem foi prometido um Paraíso restaurado, infinitamente mais glorioso.
Moisés viu a Terra Prometida apenas de longe e não pôde entrar, mas, pela fé, ele entrará na verdadeira Pátria Celestial que Deus preparou para os que O amam.
Jó perdeu tudo o que tinha — filhos, bens, saúde —, e Deus, ainda nesta vida, lhe restituiu em dobro.
Essas histórias nos ensinam que Deus é um Deus de restauração, e Suas promessas para o futuro sempre superam, em glória, as nossas perdas do presente.
E isso nos traz de volta ao começo. A ideia de que não somos donos de nada, mas apenas administradores, pode parecer desconfortável. Mas, na verdade, é a notícia mais libertadora de todas.
Por quê? Porque se nós fôssemos os donos, seríamos responsáveis por consertar tudo o que está quebrado em nossas vidas e no mundo. Mas, como Ele é o Dono, a responsabilidade pela restauração final é d’Ele. E Ele prometeu que o fará.
Podemos confiar a Ele nossas perdas e nossa saudade, porque Ele sabe o que faz. E Suas promessas são muito mais maravilhosas do que qualquer coisa que já tenhamos experimentado.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te trouxe um novo olhar sobre a saudade, salve-a. Pelo que ou por quem você sente saudades hoje? E como a promessa da restauração de Deus pode transformar essa saudade em esperança?
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