Todos os cristãos de alguma forma
estão envolvidos em algum tipo de auxílio. Nem sempre de forma declarada, por
vezes, de forma informal. Não é preciso se intitular conselheiro para exortar, aconselhar
e confortar um irmão na fé, assim como para fazer o bem a alguém ou realizar
alguma doação não é estritamente necessária a participação em algum
departamento de Ação Social da Igreja. Isto acontece porque de uma forma ou de
outra todos fomos comissionados para as boas obras (Tg 2.14-20). Elas são
resultado do novo nascimento, são o fruto do Espírito em nós (Gl 5.22,23). A
salvação eterna de Deus em nossos corações nos conduz às obras de amor (Gl
6.10).
O Aconselhamento é uma obra de
amor. O fato de todos sermos chamados às boas obras não significa
necessariamente que todos foram chamados para atuarem como conselheiros
cristãos. Mas sim, todos foram chamados a aconselhar quando assim for preciso,
da mesma forma que todos fomos comissionados a pregar o evangelho, a ensinar os
preceitos da fé aos filhos, mesmo não tendo talvez o dom específico para o
ensino. O Aconselhamento, portanto, apesar de se dividir enquanto uma área da
Teologia Prática e não ser motivo do interesse de muitos cristãos que veem
sentido em apenas deixar tal atividade aos cuidados do Pastor e de alguns
outros irmãos que teriam uma certa inclinação a isto, não é um assunto apenas
para Pastores e conselheiros cristãos.
Portanto, assim como todos somos
chamados às boas obras, somos chamados ao aconselhamento. Veja os textos de
Paulo, recomendando a prática do Aconselhamento às Igrejas de Colossenses e
Tessalônica. “ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria.” (Cl
3.16) “Pedimos a vocês, irmãos, que aconselhem com firmeza os preguiçosos, deem
coragem aos tímidos, ajudem os fracos na fé e tenham paciência com todos.” (1Ts
5.14) Ou seja, todo cristão é chamado (em menor ou maior grau) para ensinar,
aconselhar, encorajar, auxiliar e ser paciente. Hoje convivemos com uma
realidade institucionalizada e hierarquizada destas atividades, como se o cargo
determinasse o que é papel exclusivo de uns e não de outros. Porém, esta é a
forma como construímos a Igreja Cristã historicamente, uma Igreja que acaba
perdendo um pouco de sua ação espontânea por causa das atribuições que passam a
ser destinadas a pessoas específicas. No tempo de Paulo não tínhamos este
problema.
Agora, não podemos negar o fato de
que o preparo para o Aconselhamento é necessário, assim como é o preparo para o
Ensino ou para a Pregação, muitos acabam realizando tais atividades
despreocupadamente e não é raro verificarmos pessoas realizando um desserviço
neste sentido. Se todos fomos chamados e precisamos saber o que estamos
fazendo, a Igreja deveria receber o treinamento necessário para desempenhar tal
atividade. Apesar de todos sermos chamados há sempre aqueles que se isentam
totalmente da responsabilidade, o máximo que pode acontecer é que alguém
próximo desta pessoa precise de uma conversa, um direcionamento ou ainda um
Aconselhamento e algum dia e esta pessoa não saiba como agir. Muitos pensam que
isto não é importante, que é papel do Pastor, ou ainda que sempre dará tempo de
direcionar aquele que necessita ao Pastor, quando na verdade, as demandas da
alma e da vida comum são muito dinâmicas. Quanto mais acessíveis as
intervenções, melhor é para aquele que enfrenta uma dúvida ou uma dificuldade
em uma determinada área.
Gary Collins diz que “quando os
membros da nossa família, nossos vizinhos, nossos companheiros de trabalho, ou
os membros da igreja conversam conosco informalmente acerca dalgum evento na
vida deles, ou dalgum problema difícil, nós que somos motivados pelo amor
cristão sempre descobriremos que estamos aconselhando, reconhecendo-o ou não, e
deliberadamente procurando fazê-lo, ou não.” Nem todos possuem o dom do
aconselhamento, mas todas podem aprender a aconselhar. E o fato de não terem
recebido tal dom não significa que não foram chamados para aconselhar. Como
Collins fala todos acabamos de uma forma ou outra nos envolvendo com o
aconselhamento, mesmo que de forma informal. Por outro lado, o fato de uma
pessoa conhecer muito sobre Bíblia também não significa que esta pessoa tem o
dom ou está pronta para aconselhar.
Por Marlon Anezi
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