Amigos,
Quando alguém em nossa igreja está passando por uma luta, qual é a nossa primeira reação? Muitas vezes, com a melhor das intenções, dizemos: “Vou orar por você. Você deveria procurar o pastor”.
Nós aprendemos a ver o cuidado, a exortação e o aconselhamento como tarefas para especialistas: o pastor, o presbítero, o líder treinado. Nós, que estamos nos bancos, nos vemos como a plateia. Mas será que essa era a visão de Deus para a Sua Igreja?
Quando abrimos o Novo Testamento, encontramos uma imagem muito diferente da vida em comunidade. O apóstolo Paulo, ao escrever para as igrejas, não dirige seus conselhos apenas aos líderes. Ele olha para toda a congregação e diz:
“...ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria.” (Colossenses 3.16) “Pedimos a vocês, irmãos, que aconselhem com firmeza os preguiçosos, deem coragem aos tímidos, ajudem os fracos na fé e tenham paciência com todos.” (1 Tessalonicenses 5.14)
A instrução é clara: o ministério de cuidado, de encorajamento e de conselho pertence a todos os irmãos. É uma responsabilidade mútua, o trabalho de uma família, não apenas de um profissional.
Então, isso significa que todos nós somos chamados para sermos “conselheiros” com C maiúsculo, com uma placa na porta? Não necessariamente. Mas significa que todos nós somos chamados, sim, para a prática do aconselhamento.
O conselheiro cristão Gary Collins disse algo que eu acho libertador. Ele afirmou que, quando um amigo, um vizinho ou um colega de trabalho desabafa conosco sobre um problema, nós, que somos motivados pelo amor cristão, já estamos aconselhando. Quer a gente perceba ou não. Porque o amor nos impede de sermos meros espectadores da dor do outro. Ele nos move à escuta, à empatia, a oferecer uma palavra de esperança.
Nem todos nós temos o dom específico do aconselhamento, mas todos nós fomos chamados para o cuidado mútuo. E, por outro lado, conhecer muito a Bíblia não te transforma automaticamente em um bom conselheiro; é preciso também sabedoria, empatia e um coração que sabe ouvir.
E é aqui que entra a nossa responsabilidade. Se todos nós, de uma forma ou de outra, acabaremos exercendo esse papel, não deveríamos nos preparar para fazê-lo bem? O amor nos motiva a agir, mas a sabedoria nos ensina como agir. Boas intenções, sem o devido preparo e humildade, podem acabar fazendo mais mal do que bem.
A igreja não é uma pirâmide com o pastor no topo fazendo todo o trabalho de cuidado. É um corpo, onde cada membro é chamado a fortalecer, animar e carregar as cargas uns dos outros.
Que não nos isentemos dessa responsabilidade, mas que busquemos em Deus a graça e a sabedoria para sermos, em nossas conversas informais, em nossas amizades, verdadeiros instrumentos de Seu consolo e de Sua verdade.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te encorajou, salve-a. E me conte nos comentários: como você tem aprendido a praticar esse ministério de “aconselhar uns aos outros” em sua vida diária?
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