A humildade é uma daquelas virtudes traiçoeiras. Dizem que, no exato momento em que você pensa que a alcançou, você acaba de perdê-la. É uma qualidade de caráter que vai na contramão de tudo o que o nosso mundo competitivo nos ensina. Somos incentivados a construir nossa imagem, a defender nossa posição, a lutar por reconhecimento.
Nesse cenário, a arrogância pode parecer uma armadura necessária. Mas, e se, na verdade, ela for um fardo pesado que nós mesmos colocamos sobre nossas costas?
O escritor Max Lucado faz uma pergunta que eu nunca esqueci: “Você poria uma sela nas costas do seu filho de cinco anos? Por que, então, Deus nos sobrecarregaria com o peso da arrogância?”
E a arrogância é, de fato, um peso. Ela nos obriga a manter uma performance constante, a defender uma autoimagem inflada, a viver preocupados em ostentar em vez de simplesmente ser. É uma esteira de ansiedade e estresse, porque o nosso valor está sempre em jogo.
O antídoto para esse cansaço, eu encontro em um dos salmos mais amados: o Salmo 23.
Quando lemos esse salmo com atenção, percebemos algo impressionante. Davi, um rei poderoso e vitorioso, quase não fala sobre si mesmo. O protagonista do salmo não é ele; é Deus. Repare nos verbos:
“Ele me faz repousar...”
“Ele me guia...”
“Ele refrigera a minha alma...”
“Tu estás comigo...”
“Tu preparas uma mesa...”
A humildade nasce exatamente aqui: no reconhecimento sincero de que o verdadeiro agente, o verdadeiro protagonista da nossa história, não somos nós. É Deus. Tudo o que temos, tudo o que somos e tudo o que conquistamos vem da mão d’Ele.
E por que Deus age assim? Por que Ele faz tudo? O próprio salmo responde: Ele nos guia “por amor do seu nome”. Não para engrandecer o nosso nome, mas o d’Ele. Ele assume o crédito não porque precise, mas porque sabe que nós não damos conta de lidar com ele. Nosso ego é como um balão que, se elogiado demais, estoura.
Então, como vivemos essa humildade de forma prática? A resposta mais profunda nos leva para um único lugar: ao pé da cruz.
A cruz é o lugar onde toda a nossa arrogância morre. Ali, diante do sacrifício de Cristo, nós somos confrontados com a nossa real condição e, ao mesmo tempo, com a imensidão da graça de Deus. Não há espaço para orgulho ao pé da cruz. Ali, não há nada que possamos oferecer, nada de que possamos nos gabar. Como disse o apóstolo Paulo, “longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.”
A nossa única glória está na vitória que Ele conquistou por nós.
Quando entendemos que tudo é por Ele e para Ele, a vida se torna mais leve. Não precisamos mais carregar o peso de defender nossa própria imagem. Podemos finalmente descansar, sabendo que somos amados não pelo que fazemos ou conquistamos, mas simplesmente porque somos Seus filhos.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te tocou, salve-a como um lembrete. E eu te convido a pensar: qual “peso” da arrogância ou da vaidade você tem carregado? Como a mensagem do Salmo 23 pode te ajudar a entregá-lo a Deus hoje?
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