Confiar não é o meu estado natural.
Meu instinto, quando a vida aperta, é confiar naquilo que eu posso ver e controlar. Eu confio no meu próprio esforço, na minha agenda, nos meus planos. Confio na opinião das pessoas que admiro. Confio na aparente segurança que o dinheiro ou o reconhecimento podem trazer. É como nadar a favor da correnteza; parece o caminho mais lógico, o que exige menos força.
A verdade é que todos nós tendemos a fazer isso. A gente se apoia em pessoas, em instituições, em nós mesmos. E, nesse processo, sem perceber, vamos construindo nossa vida sobre alicerces humanos, falhos como nós.
Foi pensando nisso que meu coração se voltou para as palavras do profeta Jeremias. Eu fico imaginando a situação dele: vivendo em uma época de profunda crise espiritual, onde o povo e seus líderes haviam se distanciado de Deus. Ele olhava para os lados e, humanamente falando, não havia ninguém em quem pudesse confiar. O solo ao seu redor era seco e instável.
É nesse lugar de aparente solidão e deserto que o Espírito de Deus o leva a escrever uma das promessas mais lindas e poderosas de toda a Palavra:
“Mas bendito é o homem cuja confiança está no Senhor, cuja confiança nele está. Ele será como uma árvore plantada junto às águas e que estende as suas raízes para o ribeiro. Ela não temerá quando chegar o calor, porque as suas folhas estão sempre verdes; não ficará ansiosa no ano da seca nem deixará de dar fruto.” (Jr 17.7-8)
Essa imagem me cativou. Uma árvore. Forte, viva, frutífera. Não por sua própria força, mas por causa de onde ela está plantada.
Eu percebi que essa passagem é um convite para nos perguntarmos: o que o “calor” e a “seca” representam na minha vida hoje?
Talvez o calor seja a pressão do dia a dia, a ansiedade sobre o futuro, o esgotamento físico e mental. É aquele tempo em que parece que o sol está forte demais e não há alívio.
Talvez o ano de seca seja aquela estação em que Deus parece distante, as orações parecem não passar do teto e a nossa alma se sente completamente árida.
E é exatamente nesses cenários que a promessa se torna mais viva. A árvore não teme o calor, não fica ansiosa na seca. Por quê? Porque suas raízes não dependem da superfície. Elas se estendem para o ribeiro, para uma fonte de vida que não seca, que não falha, que é o próprio Senhor.
Suas folhas permanecem verdes: a esperança, a paz, a vida interior. E ela não deixa de dar fruto: a bondade, a paciência, o amor, mesmo quando tudo ao redor conspira para o egoísmo e o desespero.
Talvez o convite de Deus para nós hoje não seja para “tentar ser mais forte” contra o calor, mas para nos concentrarmos em “aprofundar nossas raízes” n’Ele. A resiliência não vem do tronco, mas da fonte em que ele se alimenta. A nossa confiança não pode ser um acessório; ela precisa ser a nossa própria raiz.
O tempo de Jeremias não é tão diferente do nosso. Olhamos ao redor e vemos motivos de sobra para desanimar. Mas a promessa permanece. Nossa segurança não está nos homens ou nas circunstâncias, mas em estarmos firmemente enraizados na fonte de Água da Vida.
E você? Onde suas raízes têm buscado sustento ultimamente?
Com carinho,
Marlon Anezi
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