Há uma promessa que ouvimos com frequência em alguns programas de TV e púlpitos: a de que, se tivermos fé suficiente, Deus é obrigado a nos curar. Agora. Incondicionalmente. Basta usar o nome de Jesus como uma “palavra-passe” e a cura é garantida.
É uma mensagem sedutora, especialmente para quem está sofrendo. Quem de nós, diante da dor de uma doença, não clamou a Deus por um milagre imediato? O desejo pela cura é bom e legítimo. Mas será que essa promessa de cura instantânea e garantida é bíblica?
Muitas vezes, a história do paralítico no tanque de Betesda é usada para provar esse ponto. Lembramos da cena: Jesus encontra um homem doente, diz “Levante-se!” e, imediatamente, o homem fica curado. Vemos o milagre instantâneo e pensamos: “É assim que funciona”.
Mas o texto nos dá uma informação no início da história que, se pararmos para pensar, muda tudo: aquele homem estava doente há trinta e oito anos.
Trinta e oito anos. Pense nisso. Quase quatro décadas de espera, de frustração, de ver outros talvez sendo curados enquanto ele permanecia ali. O homem que Jesus encontrou não era um recém-chegado cheio de otimismo; era alguém cansado, mas que, de alguma forma, ainda esperava.
E se a lição mais importante daquela história não for o milagre de um minuto, mas a fidelidade de Deus na espera de trinta e oito anos?
Quando percorremos as Escrituras, vemos que essa “teologia da longa espera” se repete. Abraão e Sara esperaram décadas pelo filho da promessa. Ana orou por anos por um filho, Samuel. José passou anos como escravo e prisioneiro antes de se tornar governador do Egito.
Isso nos ensina que a promessa do Evangelho não é a da “cura incondicional e imediata”, mas a da “providência divina”. É a promessa de que Deus nos sustenta em todo tempo, mesmo no meio da dor, mesmo na longa espera. E que Ele, em Sua soberania e sabedoria, intervém com Suas graças especiais no tempo d’Ele, do jeito d’Ele e para os propósitos d’Ele.
Isso não significa que Deus não faça milagres hoje. Ele faz! O simples fato de estarmos vivos é um milagre diário. Mas as grandes intervenções que tanto desejamos são, muitas vezes, raras e preciosas, como a visita inesperada de Jesus àquele tanque depois de 38 anos.
O chamado para nós, então, não é o de ter uma fé que “exige” o milagre, mas uma fé que confia no Deus que está presente, mesmo quando a cura não chega no nosso tempo. É uma fé que aprende a se contentar com as graças diárias enquanto espera, com paciência, pelas intervenções especiais. É uma fé que descansa, sabendo que o nosso Deus é bom e que o Seu tempo é sempre perfeito.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te ajudou, salve-a como um lembrete para os tempos de espera. Como a história do homem que esperou por 38 anos muda a sua perspectiva sobre as suas próprias “esperas” na vida?
Comentários
Postar um comentário