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Mostrando postagens de janeiro, 2024

A espera do homem no tanque de Betesda

Há uma promessa que ouvimos com frequência em alguns programas de TV e púlpitos: a de que, se tivermos fé suficiente, Deus é obrigado a nos curar. Agora. Incondicionalmente. Basta usar o nome de Jesus como uma “palavra-passe” e a cura é garantida. É uma mensagem sedutora, especialmente para quem está sofrendo. Quem de nós, diante da dor de uma doença, não clamou a Deus por um milagre imediato? O desejo pela cura é bom e legítimo. Mas será que essa promessa de cura instantânea e garantida é bíblica? Muitas vezes, a história do paralítico no tanque de Betesda é usada para provar esse ponto. Lembramos da cena: Jesus encontra um homem doente, diz “Levante-se!” e, imediatamente, o homem fica curado. Vemos o milagre instantâneo e pensamos: “É assim que funciona”. Mas o texto nos dá uma informação no início da história que, se pararmos para pensar, muda tudo: aquele homem estava doente há trinta e oito anos. Trinta e oito anos. Pense nisso. Quase quatro décadas de espera, de frustração, de ve...

O pesado fardo de ser grande

A humildade é uma daquelas virtudes traiçoeiras. Dizem que, no exato momento em que você pensa que a alcançou, você acaba de perdê-la. É uma qualidade de caráter que vai na contramão de tudo o que o nosso mundo competitivo nos ensina. Somos incentivados a construir nossa imagem, a defender nossa posição, a lutar por reconhecimento. Nesse cenário, a arrogância pode parecer uma armadura necessária. Mas, e se, na verdade, ela for um fardo pesado que nós mesmos colocamos sobre nossas costas?                                         O escritor Max Lucado faz uma pergunta que eu nunca esqueci: “Você poria uma sela nas costas do seu filho de cinco anos? Por que, então, Deus nos sobrecarregaria com o peso da arrogância?” E a arrogância é, de fato, um peso. Ela nos obriga a manter uma performance constante, a defender uma autoimagem inflada, a viver preocupados em ostentar em vez de simplesmente se...

Onde você tem fincado suas raízes?

Confiar não é o meu estado natural. Meu instinto, quando a vida aperta, é confiar naquilo que eu posso ver e controlar. Eu confio no meu próprio esforço, na minha agenda, nos meus planos. Confio na opinião das pessoas que admiro. Confio na aparente segurança que o dinheiro ou o reconhecimento podem trazer. É como nadar a favor da correnteza; parece o caminho mais lógico, o que exige menos força. A verdade é que todos nós tendemos a fazer isso. A gente se apoia em pessoas, em instituições, em nós mesmos. E, nesse processo, sem perceber, vamos construindo nossa vida sobre alicerces humanos, falhos como nós. Foi pensando nisso que meu coração se voltou para as palavras do profeta Jeremias. Eu fico imaginando a situação dele: vivendo em uma época de profunda crise espiritual, onde o povo e seus líderes haviam se distanciado de Deus. Ele olhava para os lados e, humanamente falando, não havia ninguém em quem pudesse confiar. O solo ao seu redor era seco e instável. É nesse lugar de aparente ...