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A síndrome de Marta no Natal

Amigos,

Com o Natal se aproximando, quero fazer uma confissão honesta. Muitas vezes, eu sinto uma mistura de alegria e... um profundo cansaço. A gente entra no ritmo frenético de dezembro: o trânsito caótico, os supermercados lotados, a lista interminável de presentes, a pressão pela ceia perfeita.

A gente canta sobre “noite de paz, noite de amor”, mas vive dias de caos e sobrecarga.

E então, no domingo, vamos à igreja e ouvimos que “Jesus é o verdadeiro significado do Natal”. Nós concordamos com a cabeça, cantamos os hinos, nos emocionamos. E na segunda-feira, voltamos para a correria, para a ansiedade, para o “fazer, fazer, fazer” que nos deixa exaustos e, muitas vezes, irritados com aqueles que amamos.

Percebe a desconexão? E se o problema não for que precisamos fazer mais coisas de Natal, mas sim, que precisamos fazer diferente?

Para mim, uma das lições mais importantes sobre como viver o Natal não está nos capítulos que normalmente lemos nesta época. Está em uma visita que Jesus fez à casa de duas irmãs: Marta e Maria.

Pense comigo e traga essa cena para a sua festa de Natal.

Marta está na cozinha, correndo, estressada com o peru, preocupada se a toalha de mesa está perfeita, se todos os convidados estão sendo servidos. Ela ama Jesus e quer honrá-lo com o seu melhor, mas está tão consumida pelas tarefas que não consegue estar com Ele. Ela está presente de corpo, mas sua mente está na próxima obrigação.

Maria, por outro lado, fez uma escolha radical e, para muitos, escandalosa. Ela largou as panelas, ignorou a louça, sentou-se no chão da sala aos pés do convidado de honra e se dedicou a uma única coisa: ouvir. Estar presente.

Quando Marta, exausta e ressentida, reclama da “inutilidade” da irmã, Jesus não manda Maria de volta para a cozinha. Pelo contrário. Ele defende o direito de Maria de simplesmente estar ali, e diz a frase que deveria ser o nosso lema para este Natal:

“Marta, Marta, você se preocupa e se agita com muitas coisas, mas apenas uma é necessária. Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada.”

Pense nisso. O aniversariante está na nossa casa. O que Ele realmente quer de nós?

Ele não quer um banquete perfeito que nos custou a paz de espírito. Ele não quer uma casa impecavelmente decorada que nos custou a alegria da convivência. Ele quer o que todo convidado amado realmente deseja: a nossa presença, a nossa atenção, o nosso coração tranquilo e disponível.

Neste Natal, o meu convite para você, e para mim, é este: ouse ser um pouco mais como Maria.

Simplifique a ceia. Reduza a lista de obrigações. Diga “não” a um compromisso que só vai te sobrecarregar. Desligue o celular por umas horas. Sente-se no chão da sala com as crianças. Ouça as histórias dos seus avós. Leia a narrativa do nascimento de Jesus com calma, deixando a história te encontrar.

Escolha a “melhor parte”. A presença em vez da performance.

Que o seu Natal seja menos sobre fazer e mais sobre ser. Um feliz e, acima de tudo, um descansado Natal para você e sua família.

Com carinho, 

Marlon Anezi


Se esta reflexão te trouxe um alívio, salve-a como um lembrete para os próximos dias. E me conte nos comentários: qual é a “tarefa” que você pode deixar de lado este ano para conseguir “escolher a melhor parte”?

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