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Mais importante do que profecias, línguas e ciência

O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá. 1Co 13.8

O apóstolo Paulo escreveu um capítulo sobre o amor: 1 Coríntios 13. Muitos estudiosos concordam que o amor da forma como descrito por Paulo neste texto não diz respeito ao amor humano e sim ao amor divino. Deus é amor, portanto, Jesus é o próprio amor que se tornou conhecido por todos. Sem a compreensão de quem é Jesus, poderíamos pensar que seria praticamente impossível para Paulo empreender tal descrição do amor, porém, não é a compreensão de Paulo ou sua inteligência sobre Jesus que tornam o texto tão exato e rico em sua descrição. É a inspiração do Espírito Santo, que pôde usar Paulo para escrever tais palavras. Ele tornou conhecido a Paulo boa parte do que escreveu e ensinou, mesmo porque Paulo não conviveu com Jesus pessoalmente no período em que esteve neste mundo. Mas a falta dessa experiência não deixa a desejar na maturidade e conhecimento que o Espírito lhe concedeu para falar sobre a vida de Jesus.

Muitos se lamentam por não terem vivido tal período; muitos se lamentam por não terem ainda visitado os lugares onde Jesus se batizou, viveu, pregou e realizou milagres. Porém, Ele nunca nos impôs barreiras temporais ou geográficas para que pudéssemos conhecê-Lo. Ele está disponível a todo instante para ser conhecido, em qualquer lugar da terra, pois o Espírito, através da Sua palavra, nos revela quem Ele é.

O versículo 8 desta linda poesia de Paulo sobre o amor fala que o amor nunca falha e cita uma série de elementos nos quais nós, seres humanos, com nossa intuição e racionalidade, colocamos nossa fé. Paulo nos ensina que profecias, línguas e ciência terão um fim porque servem a propósitos específicos, mas o amor não. Este não acabará, Ele é necessário e cumpre uma função eterna de manter o universo em ordem e harmonia. Sim, o próprio Deus é quem mantém o universo e continuará mantendo eternamente.

É por comparação que compreendemos o que é mais importante. Neste aspecto, o amor é o mais importante quando comparado a profecias, línguas e ciência. Profecias nos falam sobre mistérios, sobre o futuro, nos revelam a palavra de Deus para qualquer tempo ou época; as línguas, por sua vez, são elementos importantes para a nossa comunicação. Gênesis nos fala que no início do mundo todos falavam a mesma língua, até que em Babel, Deus confundiu as línguas do povo, pois tinham planos maus. E quanto à ciência? No século I, o conceito de ciência não é o mesmo de hoje, o método científico veio a surgir muitos séculos depois, assim como a ciência positivista, que é a metodologia que predomina na maioria dos cursos universitários. A ciência, neste contexto, pode ser entendida como um sinônimo de conhecimento. Por que o apóstolo dos gentios está dizendo que “a ciência desaparecerá”? É simples, porque teremos acesso ao Deus onisciente, face a face.

A grande chave de compreensão deste versículo é esta: Deus será conhecido face a face na eternidade. Portanto, não precisaremos mais de profecias, que têm a intenção de revelar algo que estava oculto, não precisaremos mais de línguas, porque na eternidade todos seremos um só povo, não haverá por que a confusão de línguas. O dom de línguas que Deus derrama sobre a Igreja de Atos faz o caminho de volta, antes Ele confundiu as línguas, agora Ele quer congregar os povos em torno d’Ele. Portanto, o dom de línguas é um sinal de que todos seremos um só povo na eternidade, sem necessidade de divisões. E a ciência humana torna-se extremamente limitada quando estivermos diante do autor da vida, o verdadeiro criador da ciência, Aquele que tudo sabe e tudo entende. Ele é a própria sabedoria, o que hoje desfrutamos são pequenas gotas da imensa sabedoria que flui do nosso Criador.

Diante da futura inutilidade das profecias, das línguas e da ciência, Paulo nos convence de que o amor ficará. Sim, a graça e misericórdia de Deus que sustentam o universo até os dias de hoje sustentarão eternamente. Com isso, aprendemos como, por vezes, nos equivocamos ao procurarmos soluções para a nossa vida e para o mundo que não estejam baseadas no amor. Se é através dele que Deus sustenta o mundo, deveríamos dar a Ele lugar de honra em todas as nossas decisões. Pois com o amor, recebemos poder do céu para sermos mais felizes do que pensaríamos ser possível. 

Por Marlon Anezi

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