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As curas e o dom de línguas ainda podem ocorrer nos dias atuais?

As línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis; e a profecia não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis. 1Co 14.22

A Bíblia está repleta de profecias, e mesmo alguns eventos que à primeira vista não consideraríamos como profecias podem ser compreendidos dessa forma, pois são sinais visíveis que prefiguram algo relacionado ao futuro. Por exemplo, as curas realizadas por Jesus são profecias e, ao mesmo tempo, o cumprimento de profecias. O ministério de curas de Jesus cumpre o que foi dito por Isaías: "Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos desimpedidos. Então o coxo saltará como o cervo, e a língua do mudo cantará; porque águas rebentarão no deserto e ribeiros no ermo." (Isaías 35.5,6) Jesus cumpriu parcialmente essa profecia, pois as curas de Jesus apontam para um cumprimento completo. Na eternidade, não haverá mais morte, doença ou qualquer tipo de deficiência humana.

O dom de línguas também se enquadra como uma profecia, um sinal e, ao mesmo tempo, o cumprimento de uma profecia. O dom de línguas cumpre a profecia de Jesus, na qual ele afirmou que o Espírito Santo viria sobre os crentes e que eles seriam revestidos de poder para serem Suas testemunhas "até os confins da terra" (Atos 1.8). Ao mesmo tempo, o dom de línguas prefigura-se como um sinal para aqueles que não pertenciam ao povo de Deus. Milagres acontecem com um propósito específico, e o dom de línguas é um milagre que veio para afirmar ao mundo que algo de suma importância precisava se tornar conhecido. Deus derramou este dom para que a Igreja pudesse ser testemunha do evangelho de Cristo. A Igreja impressionou o mundo de sua época com o dom de línguas e se tornou uma testemunha poderosa da mensagem de Deus. Mas é importante entender que o dom de línguas também nos projeta para o futuro, no qual todos seremos um só povo diante do Senhor. Pessoas de todas as tribos, raças, línguas e nações estarão diante do Senhor como um só povo.

O episódio da Torre de Babel nos lembra que não precisaria haver mais de uma língua na Terra, não fossem os maus planos daqueles que queriam construir uma torre até o céu. Deus não pôde aprovar tais planos e, com isso, tornou as línguas confusas. A Terra possui várias línguas e povos diferentes, alguns dos quais, por vezes, não dialogam e guerreiam entre si por territórios. Por causa de diferentes crenças e culturas, eles giram em torno de suas realidades, cada um em seu quadrado. Essa fragmentação é fruto do episódio da Torre de Babel. A união dos seres humanos só se torna boa quando estão alinhados com a vontade de Deus. Deus colocou na Sua Igreja o Espírito de unidade e a possibilidade de comunicar-se com o mundo através do dom de línguas. Ele quer dizer ao ser humano redimido por Jesus que confia n’Ele para comunicar os Seus planos de reconciliação com o mundo. O dom de línguas vai além de uma prática. Ele é o prenúncio da reconciliação de Deus com o mundo. As curas de Jesus e o dom de línguas desempenham um papel importante nas Escrituras ao nos apontarem para um cumprimento parcial das profecias e para um momento futuro no qual haverá um cumprimento completo das profecias.

As curas e o dom de línguas podem continuar acontecendo atualmente? Sim, acredito que podem, apesar de entender que não são a regra, são a exceção. Pois entendo as curas e o dom de línguas sob o aspecto profético, ou seja, cumpriram um propósito específico no primeiro século da Igreja, e nos períodos posteriores da Igreja Cristã fomos e ainda somos guiados pelos sinais que nos foram dados através destes acontecimentos. Vejo nisso o grande propósito das curas de Jesus e do dom de línguas: falar e ensinar sobre a reconciliação de Deus conosco e, ao mesmo tempo, apontar para a reconciliação plena na eternidade.

Por Marlon Anezi

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