Vivemos em um mundo que nos ensina, desde cedo, a responder à pergunta “Quem é você?” com uma lista do que temos: nosso cargo, nosso carro, o bairro onde moramos, as roupas que vestimos. Nós aprendemos a confundir “ser” com “ter”, e essa confusão nos lança em uma corrida frenética e exaustiva por mais.
É para o nosso coração, cansado dessa corrida, que Jesus diz uma das frases mais libertadoras e contraculturais de todo o Evangelho:
“A vida de qualquer um não consiste na abundância do que possui.” (Lucas 12.15)
Em outras palavras, você não é o que você tem.
Mas como viver essa verdade em uma sociedade que grita o oposto a cada segundo? O primeiro passo é um convite para mudarmos nosso olhar, para aprendermos a enxergar como Deus enxerga. A Bíblia nos diz: “O Senhor não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1 Samuel 16.7).
Deus não se impressiona com nosso status ou nossos bens; Ele se conecta com o nosso coração. E Ele nos convida a fazer o mesmo: a nos relacionarmos uns com os outros a partir de quem somos, e não do que possuímos.
Quando começamos a olhar para o coração, descobrimos o segredo do apóstolo Paulo para uma vida de paz. Ele escreveu: “Já aprendi a contentar-me com o que tenho... Estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome” (Filipenses 4.11-12). O contentamento de Paulo não nascia de suas circunstâncias, mas da sua comunhão com Cristo.
A verdade é que, em Cristo, nós já temos tudo o que realmente precisamos. Na correria do dia a dia, muitas vezes nos esquecemos da riqueza que já possuímos. O escritor Max Lucado nos lembra de algumas delas:
Temos um Deus que nos escuta;
Temos o poder do amor nos sustentando;
Temos o Espírito Santo habitando em nós;
Temos graça para cada pecado;
Temos direção para cada curva do caminho;
Temos luz para cada canto escuro;
E temos uma âncora para cada tempestade.
Nós ignoramos essas necessidades espirituais e tentamos preencher o vazio da nossa alma com coisas, mas nenhum bem material pode alcançar a profundidade da nossa sede.
É por isso que Paulo disse a Timóteo: “A piedade com contentamento é de fato um grande ganho” (1 Timóteo 6.6). O verdadeiro lucro na vida não é ter mais, mas precisar de menos, porque já encontramos nossa satisfação em Deus.
Isso nos leva a uma pergunta libertadora: por que não viver uma vida mais simples? Por que não nos livrarmos da bagagem tão pesada de sempre almejar mais? Por que não inverter nossas prioridades e focar naquilo que realmente importa e que não tem preço: aproveitar o dia, servir, sorrir, relaxar, brincar com as crianças, refletir, amar.
Talvez Paulo estivesse certo, afinal. O grande ganho está em uma vida mais simples, com o coração contente em Cristo.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te inspirou, salve-a. Qual é o primeiro passo que você pode dar hoje para buscar uma vida com mais “piedade e contentamento” e menos correria?
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