Sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha. 1Co 11.26
A Santa Ceia é um sacramento, um meio da graça, por meio do qual nossa fé é fortalecida; pois através dela a morte do Senhor é anunciada, relembrada, contemplada durante todos os cultos do ano. Aliás, apesar de muitas denominações não adotarem este modelo de culto, o culto luterano é um momento em que ouvimos novamente a história da salvação. Ou seja, a história da redenção é novamente enfatizada, mudam-se os textos e os princípios que serão ressaltados, mas a centralidade está no evangelho e na obra de Cristo na cruz, isto porque a Igreja tem o papel de anunciar a morte do Senhor até que Ele venha, e a Sua morte é anunciada tanto na ceia quanto no restante do culto.
Celebramos a morte do Senhor, o que por vezes nos parece triste, mas celebramos a Sua morte porque ela nos tirou da morte para a vida. Aquele que morreu não morreu acidentalmente, Ele mesmo disse que a Sua vida não poderia ser tirada, pois Ele a daria espontaneamente (Jo 10.18). Portanto, o pão e o vinho não são motivo de tristeza, e sim de salvação, resgate.
Através
da Santa Ceia podemos dizer: “Temos Salvador, alguém nos resgatou. Alguém nos
amou e fez o que era necessário para que pudéssemos ter vida. Tanto nos amou
que pagou o nosso resgate com a sua vida.” E por que enfatizar isso em todos os
cultos? Porque o mundo caído e seus valores sempre contrastaram com o evangelho
da graça do Senhor Jesus Cristo. Como passamos boa parte da nossa semana tendo
contato com esses princípios contrastantes, necessitamos toda semana novamente
ouvir a Palavra do Senhor e receber a Santa Ceia para o fortalecimento de nossa
fé. Porém, a culpa não é apenas do mundo caído que contrasta com o evangelho da
graça. Dentro de nós habita o pecado, portanto temos a inclinação diária a
deixar de crer no evangelho, o que significa que sem vigilância e oração
estamos desprotegidos contra o mundo, contra nossa natureza pecadora e contra
as armadilhas do diabo. Deste modo, a Santa Ceia, bem como todos os meios da
graça, cumprem um papel importantíssimo no que se refere ao amparo dado por
Deus ao pecador, para que no dia a dia vença o pecado e siga caminhando na
graça de Deus.
É na
Santa Ceia que confirmamos: “Sim, fomos perdoados. Não por nossos méritos, mas
porque alguém mereceu isso por mim.” Não merecemos o perdão de Deus, nem a
salvação. Muitos, por aprenderem no mundo a meritocracia e que é preciso
merecer para receber algo, entendem que não são bons o suficiente para herdar a
vida eterna. Contudo, é através de Jesus e Seu sangue que nos tornamos filhos.
Ninguém é bom o bastante para dizer que faz jus ao sangue de Cristo e, por isso,
é salvo e perdoado. Todos estão em dívida, todos somos eternos devedores do
favor de Deus, pois O ofendemos diariamente através do nosso pecado. Talvez
você tenha dificuldade em admitir, mas todos somos pecadores e não possuímos
méritos perante Deus. A Santa Ceia nos tira da rotina em que estamos
acostumados, onde temos que provar que somos bons o bastante para algo, e nos
lembra que Jesus morreu para pagar este preço por nós, o preço que não
conseguimos pagar. Portanto, a ceia é preparada para todos, pecadores e fracos
que necessitam da graça e perdão de Deus, e ela é a voz de Deus a sussurrar: “Não
precisa se preocupar. Eu te perdoei e te salvei.”
Aguardamos
a volta do Senhor e, até o momento de Ele voltar precisamos anunciar o
evangelho e, ao mesmo tempo, lidar com os conflitos que envolvem estar salvo em
um mundo que persegue os cristãos e sua fé, em um corpo pecador e mortal
sujeito ao pecado, às doenças e a diversos males presentes neste mundo.
Por Marlon Anezi
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