Não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem esmurra o ar. 1 Co 9.26
O apóstolo Paulo compara a eternidade a uma competição, não qualquer competição, mas aquela que você compete para ganhar. Neste tipo de competição como dizem alguns: “é ganhar ou ganhar”. É a competição de nossas vidas. Não me considero uma pessoa competitiva, fico em paz quando estou quieto no meu canto, não tenho necessidade de me afirmar a partir da vitória sobre outra pessoa, contudo, a maratona à qual o Apóstolo se refere não me obriga à me tornar competitivo, no sentido de competir para procurar vencer de outras pessoas em uma espécie de disputa, pois na vida cristã estou competindo comigo mesmo, com minhas fraquezas, com minha preguiça e desatenção, com a vontade inata de seguir a correnteza e não me importar com a Palavra de Deus, e até mesmo com o meu passado. E não apenas eu, mas qualquer um de nós participa desta grande competição que é a vida cristã, e luta contra o homem natural que há dentro de si.
Correr sem alvo e tentar esmurrar o vento são metáforas que nos levam a pensar sobre para onde estamos indo? Para onde estamos caminhando? Embora muitos hoje pensem na vida como algo cíclico, (e há sim na vida, ciclos que começam, terminam e por vezes retornam) olhando sob a perspectiva bíblica a vida apresenta um começo, meio e fim. Para aqueles que estão em Cristo, não há porque temer o fim, Ele acabou com o fim. Porém, se há uma linearidade, um caminho, há um destino final, e há como não seguir este caminho e não chegar no destino final preparado por Deus. Contudo, minha intenção não é assustá-lo, caro leitor, apenas penso que não é coerente com o pensamento bíblico a perspectiva cíclica, pois ela leva a pensamentos do tipo, “todos os caminhos levam a Deus”, ou “não importa no que você acredita, o importante é ser do bem”, entre outros ditos que querem dizer que todos estão indo para o mesmo lugar. Sinto muito dizer que, correr sem alvo não leva a chegar no alvo, pelo contrário, dispersa, confunde, traz consigo a ideia de uma vida cíclica onde o ponto de partida é igualmente o ponto de chegada. Paulo é intencional, ele sabe para onde está indo e com quem está lutando. Ele diz em Ef 6.12 “a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais”.
Sim! Como dito anteriormente, a vida cristã não é sobre competir com pessoas, a luta é com as forças das trevas que tentam nos dominar, porém, apesar de a luta ser contra as forças das trevas, não as vemos, como lutaremos contra elas? Desde que aprendamos a nos dominar, não precisamos nos preocupar com o diabo ou com quem quer que seja, pois Cristo nos dá a força e o poder para vencer as forças do mal, concentrando-nos apenas em nós mesmos. Paulo diz: “tudo me é permitido”, mas eu não deixarei que nada domine.” (1Co 6.12) A partir do momento em que você diz “não” e se posiciona não se permitindo dominar pelo pecado, automaticamente os demônios fogem e você nem ao menos precisou entrar em um embate direto com eles. “Sujeitai-vos a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” (Tg 4.7) As escrituras nos ensinam como resistir ao diabo e vencê-lo, Tiago diz que devemos “nos sujeitar a Deus”, isso significa que Ele deve estar no centro de nossas vidas e que no momento da tentação igualmente. As escrituras sagradas precisam ser lembradas, assim como fez Jesus quando foi tentado no deserto. (Mt 4.1-11)
Contudo, é o Espírito Santo que nos desperta e nos capacita para resistir a tentação. Sob dependência de nossas limitações humanas a competição já está perdida, somente através do Espírito venceremos as forças do mal e as nossas inclinações pecadoras, tão pouco as estratégias, práticas ou disciplinas espirituais têm poder em si de nos proporcionar a vitória sobre o pecado. A vitória sobre o pecado foi comprada por Jesus em Sua morte na cruz, Paulo só pôde ser intencional porque o Espírito Santo lhe deu esta capacidade, o apóstolo corre com um alvo não por mérito próprio, o alvo o encontrou, ele está no caminho porque este caminho o encontrou, e a história de Paulo é a de todos nós, todos somos encontrados e conduzidos pelo Espírito até a linha de chegada. Nosso ponto de chegada é a eternidade, e viver eternamente com Cristo a nossa recompensa, este é o alvo, através do sangue de Jesus esta vitória já nos pertence, cabe apenas deixar ser conduzidos por Deus até a linha de chegada.
Por Marlon Anezi
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