Pular para o conteúdo principal

Correndo com um alvo

Amigos,

Não sou uma pessoa naturalmente competitiva. A ideia de uma disputa para provar que sou melhor que o outro nunca me atraiu. E é por isso que, por muito tempo, as metáforas de “luta” e “corrida” na Bíblia me deixavam um pouco desconfortável.

                                    

Até que eu entendi o que o apóstolo Paulo realmente queria dizer quando escreveu:

“Não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem esmurra o ar.” (1 Coríntios 9.26)

Paulo não está nos chamando para uma competição uns contra os outros. A maratona da vida cristã, ele nos ensina, é uma corrida contra um único adversário: nós mesmos. Nossa luta é contra nossas fraquezas, nossa preguiça, nossa tendência de seguir a correnteza do mundo e, principalmente, contra as forças espirituais que tentam nos desviar do caminho.

Para vencer essa corrida, a primeira coisa que precisamos é de um alvo.

Correr sem alvo não é liberdade; é confusão. É gastar toda a nossa energia para, no fim, chegar ao mesmo lugar de onde partimos. Numa cultura que nos diz que “todos os caminhos levam a Deus”, Paulo é intencional. Ele sabe para onde está indo.

Da mesma forma, ele não luta “esmurrando o ar”. Sua luta tem um foco. E a estratégia que a Bíblia nos ensina é surpreendente: em vez de nos concentrarmos no inimigo que está lá fora, somos chamados a nos concentrar em nos dominar por dentro. Como disse o apóstolo Tiago: “Sujeitai-vos a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4.7). A vitória sobre o mal começa com a nossa submissão a Deus.

Mas como conseguir isso? Pela nossa força de vontade? Não. Se dependesse de nós, a corrida já estaria perdida antes mesmo de começar.

A vitória já foi conquistada por Jesus na cruz. E é o Espírito Santo quem nos capacita, dia após dia, a vivermos nessa vitória, a resistirmos à tentação, a mantermos o foco.

E aqui está a verdade mais bonita e libertadora de todas: Paulo não corre em direção a um alvo porque ele é um grande atleta espiritual. Ele corre porque o alvo o encontrou no caminho de Damasco.

Essa é a nossa história. Nós não encontramos o caminho; o Caminho nos encontrou. Estávamos correndo sem rumo, e Jesus nos colocou na pista certa.

Agora, a nossa tarefa não é vencer a corrida com nossas próprias forças. É simplesmente deixar que o Espírito Santo nos conduza, mantendo nossos olhos fixos no alvo: a eternidade com Cristo, a recompensa que já nos pertence pelo Seu sangue.

Com carinho, 

Marlon Anezi


Se esta reflexão te deu um novo ânimo para a sua “corrida”, salve-a. Qual é o principal obstáculo dentro de você que você precisa vencer, com a ajuda do Espírito Santo, esta semana?


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os óculos que mudam a forma como vemos o mundo

Você já tentou explicar algo da sua fé para um amigo e sentiu que ele simplesmente... não entendeu? Não por maldade, mas como se vocês estivessem falando línguas diferentes, operando em frequências distintas. O apóstolo Paulo nos ajuda a entender essa dificuldade. Ele fala de duas maneiras de perceber a realidade: a do “homem natural” e a do “homem espiritual”. O “homem natural” é aquele que opera apenas com a razão humana, com a lógica do que se pode ver, tocar e medir. Para essa perspectiva, as coisas de Deus — a cruz, a ressurreição, a graça — soam como “loucura” (1 Coríntios 2.14). Não é que a pessoa seja menos inteligente; é que ela está tentando ler um livro divino sem a ajuda do seu Autor. E aqui está a grande verdade: a Palavra de Deus precisa do seu verdadeiro Intérprete para ser compreendida. E o seu Intérprete é o próprio Autor: o Espírito Santo. Sem a Sua luz em nossa mente e em nosso coração, as Escrituras podem parecer apenas um conjunto de regras, histórias e ideias. C...

Afinal, o que é aconselhamento cristão?

Vamos ser sinceros: a expressão “aconselhamento cristão” pode ser um pouco confusa, não é mesmo? Para alguns, soa como uma conversa com o pastor. Para outros, parece uma terapia com oração no final. Há quem pense que é um estudo bíblico focado nos seus problemas. A verdade é que essa confusão é normal, porque o aconselhamento cristão se parece um pouco com tudo isso, mas não é exatamente nenhuma dessas coisas. Eu percebi que a melhor forma de entender o que ele é , é primeiro esclarecer algumas coisas que ele não é . Então, vamos pensar juntos sobre isso? 1. É a mesma coisa que o pastor faz? Sim e não. O que o seu pastor faz ao visitar um enfermo, confortar uma família enlutada ou tomar um café para saber como você está se chama “cuidado pastoral”. É um cuidado lindo, espontâneo e vital para a saúde da igreja. O aconselhamento pode ser parte desse cuidado, mas ele é mais estruturado — geralmente com hora marcada, em um lugar reservado, focado em uma questão específica. E a grande notí...

Duas lentes para ler a Bíblia com mais clareza

Você já leu um versículo que conhece desde criança e, de repente, se perguntou: “Será que estou entendendo isso direito?” Ou talvez já tenha ouvido alguém tirar uma conclusão de um texto bíblico que te fez pensar: “Nossa, eu nunca vi isso aí... de onde essa pessoa tirou isso?”                   Nessa jornada de leitura da Palavra, que é um aprendizado constante para todos nós, eu percebi que existem dois extremos muito comuns que podem nos desviar do caminho. Já observei isso em mim e em outros: de um lado, a tendência de se apegar apenas ao “preto no branco” do texto. Do outro, o impulso de “viajar” em nossas próprias ideias sobre o que a passagem poderia significar, correndo o risco de colocar nossas palavras na boca de Deus. Tudo começou a mudar quando eu entendi a importância de usar duas “lentes” para a leitura. Duas palavrinhas que parecem técnicas, mas que são incrivelmente práticas: referência e inferência . Lente 1: A Referência (...