Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos? 1Co 6.19
A dicotomia entre corpo e espírito,
proposta por Platão, nos ensina que o corpo é mau e o espírito é bom. Disto
surge a ideia de que o corpo é depravado e o espírito virtuoso, o corpo finito
e o espírito imortal. O apóstolo Paulo ensina que a fé cristã não acredita na
imortalidade da alma, afinal, de acordo com ele, muitos que praticam
deliberadamente o pecado 'não herdarão o Reino dos céus' (versículos 9 e 10).
Fomos feitos para sermos eternos, porém não somos em nós mesmos, pois o pecado
original nos tornou mortais.
O que a imortalidade da alma sugere
é uma espécie de autojustificação ou ainda autotranscendência, porém, apenas
por Cristo somos justificados e ressuscitaremos assim como Cristo foi
ressuscitado (versículo 14). Ao pensar no corpo como mau e o espírito como bom,
somos novamente contrariados pela Palavra de Deus. O apóstolo fala que o corpo
não é para a imoralidade, ele é para o Senhor, e o Senhor para o corpo
(versículo 13).
Há uma união perfeita entre nosso
corpo e o Senhor. Fomos feitos por Ele, somos Sua imagem e semelhança.
Portanto, mesmo que o mundo caído nos diga que precisamos nos satisfazer
através de atos imorais e pecaminosos, quando compreendemos que Deus é o nosso
pão, que Ele é a água da vida que nos sacia a sede da alma, que Ele é o Deus
que nos salva, não apenas da morte eterna, mas de uma vida medíocre e sem
sentido nesta terra, então nos encontramos com a verdade que santifica nossas
escolhas e nos permite compreender que fomos feitos para um relacionamento
sério com o Senhor e não com o pecado que apenas nos destrói e afasta o
Espírito Santo de nossas vidas.
Ou nosso corpo está unido à
imoralidade sexual ou ao Senhor. Paulo dá o exemplo de quando alguém coabita
com uma prostituta, ao fazê-lo, o corpo deixa de estar em união com o Senhor
para ser dedicado à imoralidade sexual. Muitos cristãos atualmente não têm
noção do quanto têm profanado o seu corpo, não o dedicando exclusivamente a
Deus. Depois, Paulo fala que nosso corpo é o santuário do Espírito Santo, que
habita em nós e que não somos de nós mesmos. O corpo em si não é mau, após a
entrada do pecado no mundo, o homem por completo tornou-se mau, corpo e
espírito. O desafio que hoje temos não está em santificar apenas o corpo, mas
em santificar o ser por completo.
A ideia platônica de alma boa e
corpo mau pode tornar-se uma desculpa para se render às fraquezas da carne e
ceder às tentações. Porém, a mensagem que o apóstolo Paulo nos deixa é de que
aquele que crê e já foi lavado por Cristo abandona a vida de pecado com seus
vícios e atos imorais e passa a viver em união com Deus, um só espírito com
Ele. Não apenas o corpo, mas também o nosso espírito é pecador. Portanto,
precisamos ter noção de que, no processo de justificação, fomos lavados no
sangue de Jesus, comprados por alto preço. No processo de santificação pelo
mesmo sangue, nos mantemos unidos com Cristo, e por isso Ele faz morada em nós
através do Seu Santo Espírito que habita em nós. Assim, já não somos mais os
mesmos, mas Cristo habita em nós e é Senhor sobre tudo o que nos diz respeito.
Através do senhorio de Cristo sobre
o nosso corpo, recebemos uma grande responsabilidade de que o nosso corpo seja
tratado como um santuário do Espírito Santo. Porém, igualmente, recebemos a
dádiva e o privilégio de ser a casa onde o Seu Espírito habita. Se tivéssemos
consciência de quão grande é este privilégio, nos concentraríamos muito mais em
como o Espírito que mora dentro de nós deseja que venhamos a agir em cada
momento do nosso dia. Viver consciente de que nosso espírito e corpo foram
lavados e que nossas intenções podem ser as mesmas de Deus durante toda a nossa
vida é algo grandioso que poucos conseguem de fato experimentar na vida cristã.
Por Marlon Anezi
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