No contexto de um mundo em constante mudança, onde tudo é volátil e o comprometimento é cada vez menor, como podemos levar ao mundo uma verdade transformadora? A cultura atual desvalorizou a verdade ensinada por Jesus, considerando-a “antiquada”, “algo do passado” ou até mesmo “careta”. Nesse cenário desafiador, somos convocados a pregar a mesma verdade que foi entregue há dois mil anos, enquanto o mundo continua a se transformar em ritmo acelerado.
Estamos falando a respeito do mundo, mas a própria Igreja cristã está presente no mundo e é afetada pelas mudanças que ocorrem nele, a Igreja como parte da sociedade não está livre de transformações culturais, pois além de estar neste mundo tem a missão de levar a mensagem a toda criatura.
Isso me leva ao seguinte questionamento: os cristãos professam a verdade que liberta, porém, será que todos que professam a verdade que liberta, estão de fato libertos? Jesus afirmou: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.32) Muitas pessoas não tem conhecido a verdade da maneira que Jesus falou. Jesus não fala de um conhecimento intelectual, mas o conhecer na prática. Há muitos que professam a fé cristã que não se sentem libertos e não foram libertos pela verdade, ser de fato liberto é diferente de viver este “evangelho de faz de conta” que muitos vivem.
Quando Jesus esteve neste mundo, teve uma caminhada muito solitária, quando não foi compreendido pelos líderes judeus, certa vez Ele afirmou: “Em verdade, em verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se não o vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente” (Jo 5:19) A base de Cristo não estava em seres humanos, Seu padrão de procedimento era o Pai. Enquanto todos citavam a Moisés, a Abraão como pai da fé, o Pai da fé de Jesus era Deus, o próprio Pai.
Em outro momento, já crucificado na cruz, Jesus clama ao Pai: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mt 27.46) O significado disto é muito interessante, o único que Ele tinha naquele momento de dor o abandonou. O único que estava com Ele em todos os momentos era o Pai e era o único de quem Jesus precisava, por isso é o único por quem Ele clama, não clamou pelos discípulos que o abandonaram, nem por sua família, mas sim pelo Pai.
A caminhada de Jesus era solitária, a caminhada de quem decide caminhar pela fé, por vezes, também é solitária. Por vezes, podemos vir a nos sentir abandonados pelas pessoas e em alguns casos até por Deus. Porém, quando compreendemos a verdade que liberta, vivemos uma caminhada muito parecida com a de Jesus. Tudo o que Jesus passou foi para nos mostrar como Ele viveu diversos tipos de batalhas: Ele venceu as tentações do diabo (Mt 4.1-11), soube lidar com as críticas dos fariseus e saduceus se mantendo fiel ao Pai em todos os momentos (Jo 5.19), lidou com o comportamento dos seus discípulos (Mt 16.21-23, Lc 9.46-48, Mt 19.13-15, Mc 10.35-45). Jesus em todo o tempo viveu em comunhão com o Pai, e não se importou com a aprovação dos homens.
Certa vez ele afirmou: “Eu não recebo glória dos homens; mas bem vos conheço, e sei que não tendes em vós o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis. Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?” (Jo 5.41-44)
Conhecer a verdade que liberta consiste em estar livre da aprovação dos homens para viver sob a aprovação de Deus, aprovação esta que nos é dada através de Jesus, não de nossos méritos. A sociedade pode ser líquida, e o mundo pode mudar, mas os princípios do evangelho pregado por Jesus permanecem os mesmos. Cabe a nós uma escolha, ouvir o que o mundo fala sobre a verdade que liberta e cairmos no medo constante de professar, viver e testemunhar esta verdade, ou estarmos livres da necessidade de aprovação humana para professar, viver e falar abertamente sobre a verdade que nos liberta e transforma. A escolha é sua: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (Jo 8.36)
Por Marlon Anezi
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