Se há um mandamento que a nossa cultura prega com fervor, é este: “Confie em si mesmo”. Vivemos em um mundo competitivo que exige de nós uma constante autopromoção. Somos bombardeados com mensagens para sermos “super-homens” e “supermulheres”, para termos o controle de nossas vidas, para sermos os melhores.
E, em certa medida, a autoconfiança é útil. Ela nos dá segurança para agir. Mas há uma linha tênue e perigosa entre a confiança saudável e a autoconfiança cega que nos faz pensar que somos algo que não somos.
A Bíblia é uma galeria de retratos de pessoas e reinos que tropeçaram exatamente nessa linha. Os profetas de Baal no Monte Carmelo, tão confiantes em um deus que não existia. Os construtores da Torre de Babel, tão confiantes em sua capacidade de alcançar os céus. O povo nos dias de Noé, tão confiante de que a chuva nunca viria.
Todas essas histórias nos forçam a fazer a pergunta que o Salmo 23 nos sussurra ao coração: Quem é, de fato, o nosso Pastor?
É o Senhor quem nos guia, ou, no fundo, nós mesmos tentamos ser nosso próprio pastor, confiando em nossa própria força e sabedoria?
É para corações tentados pela autossuficiência que o apóstolo Paulo nos dá um conselho tão sóbrio e necessário:
“...digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação...” (Romanos 12.3)
Isso não é um chamado à baixa autoestima. É um chamado ao realismo. É o “conhece-te a ti mesmo” dos filósofos, passado pelo filtro da graça. É saber que somos limitados, falhos, e que não temos todas as respostas ou todo o controle.
O Evangelho nos convida a uma troca libertadora.
Em vez de dizermos: “Eu tenho que ter o controle”, podemos sussurrar em oração: “Ele tem o controle”.
Em vez de pensarmos: “Eu sou bom nisso”, podemos agradecer: “Ele é bom para mim”.
Em vez de nos agitarmos para resolver tudo sozinhos, podemos praticar o “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Salmo 46.10).
No fim das contas, não fomos criados para sermos heróis autossuficientes. Fomos criados para sermos filhos que dependem de um Pai perfeitamente capaz e amoroso.
Nossa verdadeira força não está na confiança que temos em nós mesmos, mas na confiança que depositamos n’Ele. É Ele quem nos sustenta e jamais permitirá que o justo seja abalado (Salmo 55.22).
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te ajudou, salve-a como um lembrete. Em qual área da sua vida você tem tentado ser o seu próprio pastor? Como seria, hoje, entregar o cajado de volta para as mãos d’Ele?
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