É um erro grotesco, nós pensamos. Inacreditável. Crucificaram o Filho de Deus, inocente, e ainda escolheram soltar um ladrão em seu lugar. É fácil, a dois mil anos de distância, nos colocarmos do lado de Pilatos, do lado da “razão”, e condenarmos a cegueira daquela turba.
Mas, se fôssemos nós, ali no meio daquela multidão, contagiados pela fúria e pela pressão do momento, será que a nossa voz seria diferente? Eu, honestamente, duvido.
E essa cena terrível se torna um espelho desconfortável do nosso próprio mundo.
Quantas vezes não vemos a mesma lógica operando? Os “espertos” e os “malandros” são exaltados, enquanto a honestidade é vista como ingenuidade. Os corruptos prosperam, e os justos lutam para pagar as contas. Os ladrões são idolatrados em telas, e os verdadeiros heróis são condenados ou esquecidos. E isso gera em nós um sentimento de indignação, de invalidez, de viver em uma sociedade cega e ingrata.
Então, o que fazemos? Entramos no jogo? Gritamos mais alto que a multidão? Tornamo-nos tão “espertos” quanto eles para sobreviver?
É aqui que a voz de Jesus, em um sussurro quase inaudível em meio ao barulho do mundo, nos mostra outro caminho. Um caminho radicalmente diferente. Ele diz:
“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.” (Mateus 5.5)
Os mansos. Não os mais fortes, não os mais barulhentos, não os mais espertos. Os mansos.
E o que é ser “manso” em um mundo como o nosso? Não é ser fraco. É ter uma força de outro tipo. É ser aquele que vê a injustiça, mas se recusa a pagar o mal com o mal. É aquele que vê a desonestidade, mas se recusa a se tornar desonesto para vencer. É aquele cuja esperança não está em “ganhar” neste sistema quebrado, mas na promessa de um novo céu e uma nova terra, onde finalmente habita a justiça.
A herança prometida por Jesus é para aqueles que, pela graça de Deus, têm os olhos abertos. Aqueles que conseguem enxergar a barbárie da multidão que grita “Crucifica-o!” e escolhe Barrabás, mas que, ainda assim, confiam no Reino do Rei que foi condenado.
Pois sabemos que, embora a multidão possa ter vencido a batalha na sexta-feira, é o Rei manso e humilde quem vence a guerra no domingo de manhã.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te tocou, salve-a. Como você luta para manter um espírito “manso” em um mundo que grita por poder e injustiça? Adoraria ler sua perspectiva nos comentários.
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