No artigo que publiquei semana passada, "As Consequências do pecado", falei sobre a perda da imagem divina no homem a partir de sua queda em pecado.
Curioso não é? Praticamente, a maioria das pessoas que
conhecemos se consideram criadas à imagem e semelhança de Deus, então como
poderíamos ter perdido essa imagem de Deus em nós?
A explicação para isso é a seguinte: há duas imagens de
Deus, segundo Warth: a permanente e a especial.
A imagem permanente está presente em toda pessoa desde o
momento de sua concepção. Deus criou e deu vida a essa pessoa, por isso ela
possui sua imagem, mas essa imagem está deturpada devido ao pecado presente na
nossa natureza.
Já a imagem especial foi perdida com o pecado de Adão, o que
causou a perda para todos nós que nascemos depois dele (Gênesis 5.3). Essa
imagem de Deus está ligada à vida espiritual; sem ela, o ser humano tem morte
espiritual, ou seja, está morto perante Deus devido aos seus pecados; nascemos
mortos espiritualmente devido ao pecado original, e recebemos vida através da
imagem especial que recebemos em Cristo.
Sem a imagem especial, o ser humano não possui
livre-arbítrio diante de Deus. Nesta condição, a sua liberdade de escolha está limitada
à sua vida terrena.
Por exemplo, uma pessoa morta espiritualmente pode evitar
matar ou roubar em respeito ao seu próximo, mas não tem liberdade para amar a
Deus, já que essa liberdade só é possível através do restabelecimento da imagem
especial de Deus, que só é devolvida a nós por meio de Jesus.
Apenas é possível amar a Deus e obedecê-lo por meio de
Jesus. Ele veio para restaurar essa imagem que perdemos quando Adão pecou.
Portanto, a imagem permanente de Deus é possuída por todos
os seres humanos e permite viver bem em sociedade, já que com ela há liberdade
para praticar boas ações em relação ao próximo. Essa imagem permanente permite
a qualquer pessoa praticar o conteúdo do 5º ao 10º mandamentos (de acordo com
o Catecismo Maior de Lutero). Mas a imagem especial só é recebida por graça
através da fé em Jesus Cristo, e ela nos dá liberdade em relação a Deus para
amá-lo e obedecê-lo.
Por Marlon Anezi
Referências:
MUELLER,
J. T. Dogmática
Cristã.
Porto Alegre: Concórdia, 2004.
WARTH, M. C. A Ética de cada dia. Canoas: ULBRA, 2002.
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