É talvez a pergunta mais antiga e mais honesta que a alma humana consegue fazer. Sussurrada no silêncio do quarto, em meio às lágrimas, ou gritada aos céus em um momento de angústia: Por que sofremos?
Diante da doença, da perda, da injustiça e da dor que parece não ter sentido, buscamos respostas. E, embora não existam fórmulas fáceis que apaguem a dor, a Palavra de Deus nos oferece algumas janelas para olharmos para esse mistério.
A primeira janela: vivemos em um mundo quebrado. A verdade simples é que sofremos porque o mundo não está como Deus o planejou. O pecado entrou na criação e fraturou tudo. Ele trouxe consigo a morte, a doença, a violência e o caos. E nós, por vivermos neste mundo, estamos vulneráveis a essa desordem. A redenção que Jesus nos trouxe já nos devolveu a vida espiritual e a promessa da ressurreição, mas a plenitude dessa cura — um mundo sem lágrimas, dor ou morte — nós só experimentaremos na Sua volta.
A segunda janela: Deus se manifesta na nossa dor. A nossa mente religiosa é rápida em tentar conectar o sofrimento a um pecado específico. Se algo ruim acontece, pensamos: “O que eu fiz de errado?”. Os amigos de Jó fizeram isso. Os discípulos de Jesus fizeram isso.
Ao verem um homem cego de nascença, eles perguntaram: “Quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?”. A resposta de Jesus vira a nossa lógica de cabeça para baixo:
“Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.” (João 9:3)
Aqui está um mistério profundo. Muitas vezes, é no terreno da nossa fraqueza, da nossa dor, do nosso vazio, que Deus escolhe manifestar a Sua glória e a Sua graça. Como disse C.S. Lewis, “o sofrimento é o megafone de Deus”. É no nosso desespero que nos tornamos sedentos por Ele. É na nossa fraqueza que a força d’Ele se aperfeiçoa. É no nosso vazio que há espaço para Ele nos preencher.
A terceira janela: o eco de nossas escolhas. Isso não significa, claro, que nossas ações não tenham consequências. A Bíblia também é clara ao nos ensinar que, muitas vezes, o sofrimento que enfrentamos é a colheita natural daquilo que nós mesmos plantamos. Não necessariamente como um castigo direto de Deus, mas como o resultado inevitável de vivermos em oposição ao Seu bom design para a vida. O pecado, por si só, gera um rastro de dor.
Então, onde isso nos deixa?
Nos deixa com um Deus que não é o autor do nosso sofrimento, mas que é soberano sobre ele. Nos deixa com a imagem da cruz, onde o próprio Deus não ficou distante da nossa dor, mas mergulhou nela, sofreu conosco e por nós, para nos garantir a vitória final.
Não, não podemos fugir do sofrimento neste mundo. Mas podemos atravessá-lo com a certeza de que não estamos sozinhos e de que, no final, Aquele que venceu a morte enxugará dos nossos olhos toda lágrima.
Com carinho,
Marlon Anezi
Este é um mistério profundo, e sei que essas palavras não apagam a dor. Mas, se esta reflexão te ajudou a encontrar um pouco de sentido, salve-a. E me conte nos comentários: como você tem experimentado Deus se manifestar em meio ao seu próprio sofrimento?
Comentários
Postar um comentário