Tudo o que você tiver de fazer faça o melhor que puder, pois no mundo dos mortos não se faz nada, e ali não existe pensamento, nem conhecimento, nem sabedoria. E é para lá que você vai. Ec 9.10
A expressão japonesa ganbatte significa fazer o melhor com as condições que se tem. A ganbatte se apresenta como uma filosofia que incentiva a coragem e perseverança na busca pela excelência. Ela não se apoia na sorte, como se o resultado das nossas ações dependesse do acaso. A ideia por trás do ganbatte acredita na escolha que cada um tem de dar o seu melhor. Caso as coisas não saiam como esperado, a pessoa que deu o seu melhor saberá que não foi por falta de esforço, nem por desperdício de oportunidade de sua parte.
No livro de Eclesiastes, o sábio Salomão em um versículo já havia imprimido algo muito próximo dos ensinamentos da filosofia japonesa do ganbatte. Ele recomenda que quando tivermos que fazer algo, que façamos o melhor, dentro das nossas possibilidades. O motivo dado por ele é que quando estivermos mortos não poderemos fazer nada. Deste modo, a vida é uma oportunidade não apenas para fazer, mas para fazer bem feito, para dar o melhor de si.
No Novo Testamento encontramos um pensamento semelhante a este, na recomendação de Paulo aos Colossenses. “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo.” (Cl 3.23,24) Fazer de todo o coração consiste em se entregar às atividades que precisam ser feitas, não fazer de qualquer jeito; colocar o coração e a dedicação na tarefa empreendida. Enquanto Salomão vê a vida como uma oportunidade de realizar, Paulo coloca Cristo no centro e nos incentiva a fazer tudo por Ele. São perspectivas antagônicas? Não, são complementares, pois como filhos de Deus somos chamados a administrar adequadamente o nosso tempo, dons, recursos e energia e trabalhar naquilo que sabemos que glorifica o nome de Jesus nesta terra.
Porém, isso não tem tanto a ver com qual a obra estamos realizando, mas sim em como fazemos. Seja lavar a louça, varrer a casa, levar o filho na escola, se alimentar ou dar uma palestra, não importa se é algo simples ou complexo; cristãos dedicam-se de coração também às atividades da rotina, ao ordinário e glorificam a Deus através da sua disposição em servir nas mais simples tarefas. Realizar o melhor para glorificar a Deus, não é o mesmo que realizar para glorificar a si próprio. Diante disso, vale a reflexão: Qual é a nossa motivação ao dar o nosso melhor? Competir com os outros? Nos mostrarmos superiores ao nosso próximo? Ou, de fato, glorificar a Jesus, servir ao próximo e promover o Reino de Deus nesta terra?
Enquanto filhos de Deus, realizamos o nosso melhor e nos dedicamos de coração, pois fazemos por Ele e para Ele. Não com a intenção de nos sobrepormos ao restante das pessoas e demonstrarmos uma falsa superioridade. Esteja pronto a dar o seu melhor pela razão certa, o Espírito Santo é quem coloca em nossos corações esta motivação e nos leva a atuar olhando sob a perspectiva do Reino de Deus e procurando promover o Reino na terra.
Por Marlon Anezi
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