Eu cresci ouvindo canções lindas que diziam que a paz era algo que nós poderíamos construir. Lembro-me do sucesso de Michael Jackson, “Heal The World”, que pintava um quadro de um mundo curado pelo nosso amor e solidariedade. É uma ideia bonita, não é? A gente se junta, faz o bem, age corretamente e, aos poucos, constrói um mundo de paz. É muito fácil acreditar nisso.
Até que me deparei com as palavras desconcertantes de Jesus em João 14.27:
“Deixo a paz a vocês; a minha paz dou a vocês. Não a dou como o mundo a dá.”
Nessa frase, Jesus vira tudo de cabeça para baixo. Ele estabelece um contraste radical. Existe a paz que o mundo tenta construir — uma paz frágil, que depende das circunstâncias estarem boas, das pessoas serem bondosas e dos nossos esforços darem certo. E existe a paz d'Ele — uma paz que não é construída, mas recebida. Uma paz que não depende do que acontece ao nosso redor, mas de Quem habita em nós.
Isso me faz pensar: há quanto tempo eu não sinto essa paz?
A verdade é que eu me identifico tanto com Marta, da história do Evangelho. Jesus está em sua casa, e o que ela faz? Corre, se agita, se preocupa com o serviço, fica ansiosa para que tudo saia perfeito. Ela está tentando construir um ambiente de paz com as próprias mãos. E, no processo, ela perde a paz completamente. Eu sou Marta na maioria dos dias.
Enquanto isso, sua irmã, Maria, faz algo revolucionário. Ela para. Ela se senta aos pés de Jesus e simplesmente ouve. Ela escolhe, como disse Jesus, “a melhor parte”.
E eu percebo que o convite de Cristo para a paz é, antes de tudo, um convite para pararmos. Parar de tentar arrumar a casa inteira sozinhos. Parar de achar que a solução para a nossa ansiedade está em fazer mais, em nos esforçarmos mais. A paz que Ele oferece não é uma recompensa pelo nosso serviço; é um presente que recebemos quando nos sentamos em Sua presença.
É por isso que essa paz “excede todo o entendimento”. O mundo olha para o cristão em meio a uma tempestade e não entende. Como ele pode estar calmo? Como ele pode ter esperança? Não faz sentido. E não faz mesmo, porque a fonte dessa paz não é lógica, não é circunstancial. É o Emanuel, o Deus conosco, nos sussurrando que, n'Ele, tudo já está consumado.
Às vezes, eu acho que nos esquecemos que essa paz nos foi dada de graça. Ela está disponível, agora mesmo. Jesus não está interessado no nosso serviço frenético para Ele. Ele está interessado em nós. Ele não deseja que você tente salvar o mundo inteiro; Ele deseja que você O deixe salvar você.
A paz no mundo, que tanto almejamos, não virá pelas nossas boas intenções. Ela começará quando um número suficiente de corações individualmente se esvaziar de sua própria justiça e de sua pretensa paz humana, e se deixar invadir pela paz que só Cristo pode dar.
Nossa missão não é construir a paz. É apresentar o Príncipe da Paz. E isso só podemos fazer depois de, como Maria, termos escolhido a melhor parte: sentar, ouvir e receber o que Ele livremente nos dá.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te trouxe um pouco de paz hoje, salve-a para reler nos dias de agitação. E eu adoraria saber nos comentários: o que mais tem roubado a sua paz ultimamente?
Comentários
Postar um comentário