Amigos,
Quero propor uma frase que, se a entendermos de verdade em nosso coração, pode virar nossa vida cristã de cabeça para baixo. É simples, mas revolucionária:
Nós não fazemos coisas boas para sermos salvos; nós fazemos coisas boas porque já fomos salvos.
Parece um mero jogo de palavras, mas a ordem aqui muda absolutamente tudo. Por muito tempo, e em muitos lugares, a fé cristã foi apresentada de forma invertida. A ideia era de que, através de nosso esforço, de nossa caridade, de nossas boas obras, nós poderíamos, de alguma forma, alcançar a salvação. Colocamos a carroça na frente dos bois.
Mas a Reforma Protestante, ao nos chamar de volta às Escrituras, nos lembrou de uma verdade libertadora. Para entender por que essa ordem importa tanto, precisamos falar sobre os dois “motores” que a Bíblia nos apresenta: a Lei e o Evangelho.
A Lei é como um espelho. Ela nos mostra a santidade de Deus e, ao mesmo tempo, a nossa sujeira. Ela nos aponta nosso pecado, nos diz o que deveríamos fazer e revela, com uma clareza dolorosa, que não conseguimos cumprir por nossas próprias forças. A Lei nos acusa.
O Evangelho é como a água limpa. Ele não nos mostra o que nós devemos fazer, mas o que Cristo já fez por nós. Ele não nos acusa; ele nos anuncia o perdão, o amor imerecido, a salvação que é um presente, recebida pela fé.
E aqui está o problema que vejo em muitas igrejas (e, para ser honesto, no meu próprio coração às vezes): nós tentamos usar o motor errado para mover as pessoas.
Tentamos motivar a ação cristã com o combustível da Lei. Usamos a culpa, a obrigação, o “você precisa fazer mais, servir mais, dar mais!”. Isso pode até gerar uma atividade frenética por um tempo, mas é uma atividade movida a medo e dever. E a culpa é um combustível que acaba rápido e deixa a alma exausta.
O que realmente nos move para uma vida de amor e serviço não é a ameaça da Lei, mas o poder do Evangelho.
É a gratidão pelo perdão imerecido que nos faz querer perdoar os outros. É a alegria da salvação que transborda em um desejo de servir. É o amor que recebemos de graça que nos capacita a amar quem não merece.
O que Ele fez por nós, e não o que nós fazemos para Ele, é o que deveria nos impulsionar. E não pense que só os novos na fé precisam ouvir essa boa notícia. Todos nós, todos os dias, precisamos voltar a beber da fonte do Evangelho, pois nosso crescimento só é saudável quando brota da graça.
Por isso, se você se sente cansado, vivendo sob o peso do “tenho que”, eu te convido a fazer um exercício comigo.
Tire um tempo, todos os dias, não para pensar no que você ainda precisa fazer para Deus, mas para meditar no que já foi feito por você na cruz. Pense na salvação que lhe foi oferecida gratuitamente. Deixe brotar em seu coração o sentimento genuíno de gratidão por esse descanso, por esse livramento da morte.
Quando você medita na cruz, o Espírito Santo tem espaço para fazer esse sentimento de gratidão crescer. E é dessa gratidão, e não da culpa, que nascerão as boas obras mais autênticas e alegres.
Deus não quer você se arrastando sob o peso da Lei. Ele te quer por completo — razão, sentimento e vontade — vivendo na liberdade da graça que salva, purifica e verdadeiramente transforma.
Com carinho,
Marlon Anezi
Se esta reflexão te trouxe um novo ânimo, salve-a. E me conte nos comentários: em sua caminhada, você se sente mais movido pela culpa da Lei ou pela gratidão do Evangelho?
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