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Há um lugar para você na mesa

Eu não sei você, mas eu conheço bem o gosto amargo da exclusão. A sensação de estar do lado de fora, olhando para dentro. Aquele convite que não chegou, a roda de amigos que se fecha quando você se aproxima, a sensação de não pertencer. Seja na escola, no trabalho ou até mesmo na família, todos nós, em algum momento, já nos sentimos à margem.

Nós, seres humanos, somos especialistas em criar muros, em definir quem é “de dentro” e quem é “de fora”. Vivemos em segregações, visíveis e invisíveis, que nos separam uns dos outros.

E é por isso que a revelação de Deus em Jesus Cristo é tão revolucionária e consoladora. Porque ela nos apresenta um Deus que faz o exato oposto: Ele derruba muros. Um Deus que, como o apóstolo Pedro finalmente entendeu, “não faz acepção de pessoas” (Atos 10.34).

Essa verdade ganha vida de forma espetacular em um encontro de Jesus na cidade de Cafarnaum.

Imagine a cena. Jesus, o mestre judeu, é abordado pelo último homem de quem se esperaria uma atitude de fé: um centurião romano. Um oficial do exército opressor. Um estrangeiro. Um “de fora”. Ele se aproxima com um pedido humilde para que Jesus cure seu servo.

Mas é a fé desse homem que choca a todos. Ele diz a Jesus que não precisa que Ele vá até sua casa. Apenas “uma palavra” seria suficiente. Aquele soldado entendia de autoridade e reconhecia em Jesus uma autoridade infinitamente superior.

Jesus para, maravilhado. E diz algo que deve ter soado como uma bomba para os que ouviam: “Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta.”

E então, aproveitando a fé daquele “estrangeiro”, Jesus pinta a imagem mais linda do Seu Reino, um retrato que deveria ecoar em nossos corações para sempre:

“Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus.” (Mateus 8.11)

Pense na beleza dessa cena. Uma grande festa. Uma mesa farta, onde os patriarcas da fé estão sentados. E quem mais está lá? Não apenas seus descendentes diretos. Vêm pessoas do leste e do oeste, de todas as nações, de todos os povos, de todas as cores e línguas.

O que Jesus está nos ensinando? Que o ingresso para a festa de Deus não é o seu passaporte, sua linhagem, a denominação da sua igreja ou o seu sobrenome. O único ingresso que importa é a fé.

Talvez hoje você se sinta como aquele centurião. Um estranho. Alguém que acha que não “pertence”. Alguém que carrega o peso da exclusão ou se sente indigno de se aproximar de Deus.

A boa notícia do Evangelho é esta: a mesa de Deus é grande. E nela, por causa da sua fé em Cristo, há um lugar guardado e um prato posto para você.

Jesus acolhe a todos que n’Ele creem.

Com carinho, 

Marlon Anezi


Se esta mensagem de inclusão te trouxe esperança, salve-a. E me conte nos comentários: em que momento da sua vida você mais sentiu o abraço acolhedor de Deus, que não faz acepção de pessoas?

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