Em primeiro lugar, para responder a esta pergunta, irei diferenciar a inveja enquanto sentimento, aquilo que muitas pessoas chamam de olho gordo, da inveja enquanto atitude, capaz de se manifestar no mal empreendido contra outra pessoa. Respondendo à pergunta de forma direta: a inveja enquanto sentimento não tem poder nenhum, a não ser o de destruir a pessoa que sente inveja. Como está escrito em Provérbios 14.30: "O coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos". O simples fato de a pessoa olhar com inveja para o que você tem ou é, não fará nada acontecer com você. Caso você seja cristão, pode sentir-se mais seguro ainda, pois Moisés fala em Números 23.7-11 que não se pode amaldiçoar quem Deus já abençoou.
Porém, a inveja, enquanto atitude, tem algum poder, mas
ainda assim limitado. Qual seria este poder? Vamos analisar duas histórias de
inveja na Bíblia: José, o governador do Egito, e Jesus. Duas histórias muito
significativas. José viveu uma situação muito semelhante à de Jesus, ele foi um
tipo de Cristo. Os irmãos de José tinham inveja dele e o venderam. José sofreu
muito em sua estada no Egito, fruto da inveja de seus irmãos. Para ler a
história completa, abra sua Bíblia em Gênesis e leia do capítulo 37 ao 50.
Porém, a história de José não está centralizada no poder que o mal dos irmãos
pôde causar através da inveja deles, está no controle poderoso de Deus que,
mesmo com as atitudes dos irmãos, transformou o futuro daquele homem em uma
história maravilhosa de justiça e resgate. Após interpretar o sonho de Faraó e
demonstrar sua sabedoria frente a toda a corte egípcia, José torna-se o
governador do Egito.
A inveja dos seus irmãos o tornou escravo, o poder e a
misericórdia de Deus o tornaram o segundo homem mais poderoso do mundo. Como
muitas pessoas não entenderam a história, focalizam suas vidas no medo da
inveja, como se Deus não estivesse no controle, como se Ele não tivesse
transformado o mal em bem para José. "Sabemos que Deus age em todas as
coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o
seu propósito" (Rm 8.28). Ele age em todas as coisas, inclusive da inveja,
para transformar o mal em bem. Não somos órfãos! Não lutamos sozinhos contra o
poder da inveja. Em Provérbios 16.01 está escrito: "As pessoas podem fazer
seus planos, porém é o Senhor Deus quem dá a última palavra" (Pv 16.1).
Medo de inveja para quê? Se Deus é quem dá a última palavra e ainda envia Seus
anjos para nos proteger. O salmista diz: "O anjo do Senhor acampa-se ao
redor dos que o temem e os livra" (Sl 37.01).
Na história de Jesus, além de Judas que o traiu, há
evidências no texto bíblico de que os fariseus alimentavam um sentimento de
inveja para com Ele (Mc 15.10). Essa inveja se manifestou na traição de Jesus e
sua consequente morte. Vale ressaltar aqui que o sentimento em si não pôde
causar mal a Jesus, e sim a atitude maléfica e premeditada desses homens. Mas
ainda assim, como no caso de José em relação a seus irmãos, devemos considerar
o poder limitado dos fariseus ao intentarem contra a vida de Jesus. A morte de
Cristo fazia parte do plano de Deus para a redenção do homem. Era missão de
Jesus morrer e ressuscitar; caso contrário, Deus teria impedido Sua morte.
Deste modo, não foi a inveja que causou a morte de Cristo, Sua morte era
inevitável devido à Sua missão. A inveja foi o sentimento impulsionador que
levou à realização do mal por parte daqueles homens.
Considerando novamente a pergunta: a inveja tem poder?
Devemos compreender que ela possui algum poder quando transformada em ação
contra o indivíduo invejado, mas ainda assim é um poder que vai contra a
dinâmica salvífica de Deus, que nos protege através dos Seus anjos, que acampam
ao nosso redor e transforma o mal em bem na vida daqueles que O amam. Deste
modo, a inveja atua como uma espécie de bumerangue, a destruição empreendida
contra outros acaba retornando contra si, pois a inveja apodrece os ossos daqueles
que alimentam tal sentimento. Jesus tem todo o poder no céu e na terra (Mt
28.18), portanto, o poder da inveja é significativamente inferior ao poder
infinito de Deus para proteger e cuidar de nossas vidas.
Por Marlon Anezi
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